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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Um elo da vida...

Depois de fazer um exame pra comprovar que minha placenta está normal, fiquei muito mais amiga dela. Dá vontade de fazer mais carinhos na barriga bem no local em que ela está (no topo do útero) do que ficar procurando os pézinhos do César (nada difíceis de encontrar, do meu lado direito, rs).

Então resolvi fazer um post sobre a placenta e o cordão umbilical.

O que eles são? Pra que servem? Como funcionam? Pra onde vão?
É, bem globo repórter mesmo, hehe.

Bom, a placenta é um órgão que se implanta no útero, geralmente no "fundo" dele (ficando no topo da sua barriga) e na maioria das vezes na porção posterior. Dela sai o cordão umbilical, que tem três vasos sanguíneos para nutrir o bebê e lhe levar oxigênio, além de retirar da corrente sanguínea dele quaisquer metabólitos que normalmente iriam, por exemplo, pra urina. Também leva hormônios e outras coisas que atravessem a placenta até o feto.
Já fiz antes aqui um post sobre a placenta prévia, que é quando a placenta fica implantada em cima do orifício do colo do útero. Nesse caso não é possível fazer parto normal, porque a placenta está no caminho, e se ela "nascer" antes do bebê, vai parar de fornecer oxigênio para a criança, além de poder causar uma hemorragia. Inevitavelmente, quem tem placenta prévia vai passar pela cesárea (bem indicada, salvadora de vidas, nesse caso).

No meu caso, a placenta estava próxima do orifício cervical (colo do útero), o que poderia ser um agravante pra não poder ter um parto natural. Fizemos uma nova ecografia pelo SUS, e o laudo super bom nada dizia sobre a placenta. Remarcamos uma ecografia pras 36 semanas - o laudo ingrato dizia apenas: "distando mais de 20 mm do orifício cervical".
Peraí moço...
Mais de 20 mm quanto? Mais 30mm? Mais 100 mm? Mais quanto?
Refizemos uma ultrassom dessa vez com doppler. O médico disse "mas porque será que o médico ficou preocupado com a placenta? não entendi...". Respondi já esperançosa com a pergunta dele: "é que na ultrassom dizia que estava perto do colo, e eu quero parto normal, daí ficamos preocupados". Ao que ele responde: "nããoo, mas olha sua placenta, está bem aqui!" E passou o aparelho de ultrassom bem na parte de cima da minha barriga. Foi um alívio só!
A única coisa de diferente (e que nada tem de agravante clínico) é que minha placenta está anteriorizada (ou seja, quando coloco a mão sobre a barriga, coloco diretamente sobre o local onde a placenta está inserida). Isso explica porque o César não fica na posição de dorso com o meu abdômen - li hoje que bebês preferem ficar de frente para as placentas. Ou seja, nada melhor para César do que ficar mais lateral (do lado esquerdo) ou mais virado com as costas para as minhas costas.

Durante o nascimento do bebê, ele continua recebendo oxigênio pela placenta. Por isso que a desculpa de circular de cordão, que vai enforcar e sufocar seu bebê, não cola, viu? O cordão vai é enforcar seu médico, se você quiser acabar com a vida de um incompetente desses, depois que seu filho nascer. Até 30% das crianças nascem com circular de cordão e não morrem por isso. A menos que o cordão seja comprimido, aí sim o bebê corre riscos. 
Depois de nascido o bebê, a placenta é quem precisa "nascer". Se o bebê for colocado logo em seguida ao nascimento para mamar com a mãe, haverá liberação de ocitocina. Esse hormônio é o responsável por fazer com que o útero se contraia (além de ser responsável pelo amor incondicional de mãe e filho logo após o nascimento - por isso é chamado hormônio do amor). Naturalmente, a placenta sairia em 30 minutos, sozinha. Mas nos hospitais o que geralmente ocorre é a intervenção da equipe, que traciona o cordão umbilical para retirar a placenta, ou faz massagens no abdômen. Isso é ERRADO e pode causar hemorragia na mãe, além de poder deixar pedaços da placenta dentro do útero (o que vai requerer mais intervenções médicas para retirada desse pedaço).
Outro procedimento errado é o corte precoce do cordão umbilical. Isso porque o bebê pode ser privado de até DOIS TERÇOS de todo o seu volume sanguíneo - que fica contido na placenta, inutilizado. Veja a imagem abaixo, como é diferente um cordão logo após o nascimento e alguns minutos depois, quando clampeado (cortado) tardiamente.


E isso só pra ser tudo mais rápido - ninguém quer saber de estudos que comprovam que a técnica é prejudicial ao bebê, só querem que a linha de produção de bebês e mamães seja rápida - vapt vupt!
Depois de nascida a placenta, ela vai ter alguns destinos, dependendo do lugar:
- lixo hospitalar
- indústria de cosméticos (oi?... é, isso mesmo... estranho?)
- a mãe decide o que fazer com a placenta.

Achou mais estranho a mãe pedir a placenta pra resolver o que fazer, do que ela ir pra indústria de cosméticos?
Em algumas culturas, a placenta é tão importante que pode ter destinos bem diferentes. O parto de lótus é um exemplo. O bebê fica ligado ao cordão e à placenta, até que o cordão caia sozinho.
Em outros casos, os pais enterram a placenta, seja em locais específicos, sagrados por exemplo, seja embaixo de uma árvore milenar, seja num lugar novo com uma planta nova em cima dela.
E esses ritos tem muitos significados também. A maioria acredita que plantar a placenta faz a criança crescer forte e saudável.
Recentemente presenciamos um plantio de placenta lindo e emocionante. Acredito que pros donos da placenta, o significado foi muito maior do que posso entender.
Eu e o Gustavo temos discutido o que fazer com a nossa placenta - não vamos simplesmente jogá-la fora, mas também não sabemos qual será o significado do plantio, se fizermos, pra gente. Acho que temos que amadurecer bem a ideia.
Mas uma coisa é fato - depois do susto que tomei, quase sendo impedida de um parto normal, amo minha placenta como amo meu filho!


César, seu mundo, a árvore da vida, e a placenta bem no topo da barriga, pra ninguém botar defeito!
Foto: Fotógrafa Nanci Novak




segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Reflexão para César

Era quase como se eu fosse uma criminosa. Como se eu estivesse fazendo algo ilícito, por baixo dos panos, na surdina extrema, pra que ninguém me denunciasse, me condenasse, me desanimasse.
Mas antes de mais nada, o que eu estava tentando evitar é que deveria ser o crime. É o que deveria ser feito na surdina, mas que era escancaradamente parte do tratamento de milhares de mulheres e bebês que se sujeitavam (quer por desconhecimento, quer por falta de opção) às piores formas de tratar as primeiras horas de vida de um ser humano no mundo.

E então lá estava eu - por volta de 30 semanas, tendo um colapso por causa do SUS, por causa de cesáreas desnecessárias e intervenções mais desnecessárias ainda em "Partos Normais" - parto normal, aquele sonho de qualquer mulher que quer evitar a cirurgia cesárea, que quer voltar ao seu "normal" o mais rápido possível, sem precisar cuidar de pontos, sem precisar cuidar de cicatrizes... Onde foi parar você, parto normal?

É triste ver como o tratamento criminoso dado às mulheres que dão à luz, hoje, é "absolutamente normal". As mulheres estão tão acostumadas (acostumadas a acharem que seu corpo é defeituoso, acostumadas a achar que o médico é quem tem razão, acostumadas a ouvir que a opinião delas vale menos, acostumadas a serem deixadas em segundo plano...) com esse tipo de tratamento que simplesmente não enxergam a violência que sofrem num momento desses - ainda mais quando, em trabalho de parto, ou em se tratando de suas crias, são aterrorizadas pelas possibilidades de serem as culpadas pelo mal que pode ocorrer aos filhos, ficam vulneráveis.

Quem foi que disse que seu corpo é defeituoso? Quem incutiu na cabeça de nós, mulheres, que não podemos suportar a dor do parto? Que não podemos esperar até 42, 43 semanas de gestação porque nosso corpo é que foi defeituoso e não iniciou o trabalho de parto antes? Que nunca vamos parir porque não temos dilatação, não temos passagem? Quem nos deu esse atestado de incompetência tão bem aceito nos dias de hoje?

Os erros são tantos, criados por uma sociedade doente por achar doenças, por achar defeitos, que me dá medo de deixar meu filho num mundo louco desse. Aliás, esse era um dos motivos porque eu não queria ter filhos: como, ó Deus, meu filho vai viver nesse mundão de gente louca, insensível, desumana? Como? Num mundo em que o certo é errado de se fazer, e que o errado é o certo aceito e sendo praticado?
Depois que fiquei grávida: Como?

Deixai filhos melhores para o mundo. 
Espero que César, por mais que não encontre um mundo melhor quando nascer e quando começar a entender, seja mais uma sementinha de um mundo melhor. Que no futuro o certo seja o praticado aos quatro ventos, espalhado, cantado. 
Que o errado que se pratica hoje seja esquecido e jamais repetido.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Enrolada

Duas provas hoje, um trabalho pronto pra imprimir, dois trabalhos para fazer/começar. Mais uma prova na segunda-feira, mais outra prova na terça-feira. Mais um trabalho começado para terminar até segunda-feira. Um resumo pra revisar essa semana.
Comprar coisas pro César que ainda faltam. Controlar o ganho de peso, porque engordei um quilo em uma semana. Ansiedade por causa de estarmos já na 36ª semana de gestação. Cuidar das estrias que resolveram aparecer só depois da 33ª semana ):
Tenho que fazer uma procuração pra que façam minhas matrículas caso eu esteja incapacitada disso na semana de matrículas. Abrir processo pra pedir licença na universidade. Pedir a grade horária pra coordenadora pra que eu possa me programar quanto às matérias que posso fazer...

E esperar pelo César, que pode vir no meio de tudo isso...