Páginas do Blog

domingo, 25 de novembro de 2012

Dia Internacional Pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres

O Dia 25 de novembro (além de ser meu aniversário) foi definido pela ONU como sendo o DIA INTERNACIONAL PELA ELIMINAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES.

O Parto e o Nascimento, hoje, apesar da necessidade de terem as mulheres como protagonistas, são eventos tratados como um evento hospitalar, em que o desrespeito marca, tanto física quanto psicologicamente, e de forma negativa, a maioria das mulheres em nosso país. Isso porque, num contexto em que a medicina trata o corpo da mulher como defeituoso, o médico se torna o principal personagem, e na maior parte dos casos, o pior pesadelo na vida das mulheres que estão prestes a parir.
E ainda nesse contexto, as cesáreas desnecessáreas e eletivas se tornam a violência muda e encoberta - os médicos jogam com as mulheres fragilizadas, em trabalho de parto, sem acompanhantes, e dizem que se não forem para a (violenta) cesárea salvadora, seus bebês podem sofrer e morrer.

A autonomia da mulher é desrespeitada, seu corpo é invadido, sua vida, suas crenças, seus ideais - tudo que caracteriza o ser humano psico, sócio, biologicamente, culturalmente. A mulher e o bebê são mais um caso clínico a ser resolvido, e não uma mulher e um bebê.

A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA, portanto, está mais do que inserida na nossa luta pela eliminação de qualquer tipo de violência contra as mulheres. E no Brasil, onde 1 em cada 4 mulheres relatam ter sofrido violência no atendimento ao parto, essa questão deveria ser muito mais discutida entre mulheres e coletivos de luta das mulheres. O que vemos, no entanto, é um silêncio perturbador, quebrado por poucos - e quando isso ocorre, os poucos são censurados, taxados de loucos e as mulheres, diz-se, estão apenas "de firulas".
Somos loucos! Loucos lutando por direitos que deveriam ser mais do que assegurados por lei: deveriam ser respeitados!

Abaixo, segue documentário feito no último mês de outubro: "Violência Obstétrica - A Voz das Brasileiras".
São relatos reais de mulheres brasileiras que foram desrespeitadas pelo atendimento obstétrico brasileiro. Será que elas estão "de firulas"?
Eu acredito que não.

Que a luta continue.
Porque eu não gostaria que eu, você mulher, futura mãe, suas irmãs, suas primas, nossas amigas, nossas mulheres brasileiras - eu não gostaria que nenhuma delas tivesse que me relatar, como relatam nesse documentário, qualquer tipo de violência sofrida no momento do parto.
Eu gostaria de vê-las sorrir e dizer: "Foi lindo! EU pari, EU consegui! O respeito pela equipe foi sublime".

Respeito!

sábado, 10 de novembro de 2012

Breve (nem tão breve) Relato de Parto

Eu vinha há uma semana me sentindo preocupada com a data provável do parto. Era para o César ter nascido no dia 02 de novembro, mas eu sabia que devia estar, nessa data, de umas 38 ou 39 semanas, e não de 40 como dizia o primeiro ultrassom. Na semana do dia 02 fui ao posto de saúde e não consegui ser atendida, teria que voltar na semana seguinte. O dia 02 veio, foi e eu cada vez mais preocupada que César fosse passar de 42 semanas (o parto domiciliar a partir de 42 semanas só poderia ser feito se acompanhado por médico, e eu não tinha condições de pagar médico nenhum. No domingo, dia 04, tivemos o pré-natal com as enfermeiras Maria Rita e Ana Paula, que atenderiam o parto domiciliar. Conversei com elas sobre a data provável, que eu estava preocupada, mas Maria Rita foi firme e disse que a partir de 42 semanas não tinha jeito. Me falou pra caminhar bastante, tomar chá de canela e o chá da Naolí Vinaver. Falei que ia começar a caminhar sim, pois já estava nos planos fazia tempo. Fizemos rebozo no dia também. Maria Rita olhou pra mim com cara de séria e disse “Carolina - tá tudo certo. Tá tudo pronto, só falta entrar em trabalho de parto”. Eu sabia, mas estava nervosa.
Gustavo chegou em casa, por volta das 19h, conversei com ele sobre como tinha sido o pré-natal com as meninas. Falei que tinha ficado preocupada e triste, com medo de não dar certo nosso parto domiciliar. Depois disso fomos nos distrair, lanchar, etc. Por volta das 11:30h da noite comecei a sentir contrações. Achei que era o que já tinha sentido uns dias antes, e só depois de algum tempo pedi para o Gustavo controlar o tempo das contrações - mas era praticamente impossível. Era uma contração atrás da outra, com intervalos entre 4min e 2 min, com duração de 30 segundos a 1 minuto, e as vezes a dor se prolongava por 2 minutos inteiros, que eu cheguei a achar que era um falso trabalho de parto. Sempre tinha lido sobre contrações regulares, as minhas estavam loucas.
Meia noite eu fui para o chuveiro, Gustavo entrou comigo, e em cada contração eu respirava forte e soltava grandes “aaahhhh”s. Gustavo saiu do chuveiro lá pela 1h para ligar pra nossa doula Niti. Ele voltou e contou a conversa, que poderia mesmo ser trabalho de parto, apesar da irregularidade das contrações, e pediu pra ligarmos pras enfermeiras. Gustavo ligou então pra enf. Aline, e no mesmo momento estourou minha bolsa. Ouvi um “poc” e caiu um monte de líquido clarinho no chuveiro. Nessa hora eu comecei a chorar, porque tive certeza que estava em trabalho de parto. Eu chorava e ria, e cantava (fiquei o trabalho de parto inteiro com a música da Rosa Zaragoza na cabeça). Depois disso as contrações foram ficando mais fortes. Gustavo ligou pra Maria Rita que pediu pra falar comigo. A partir daí eu tinha que parar qualquer coisa que estivesse fazendo ou pensando, e eu gritava, não fazia mais “aaahh”. Conversei com ela, ela perguntou como estavam as contrações, se eu estava bem, se o líquido tinha saído de alguma cor diferente. Respondi, tive umas duas contrações no meio da ligação, e ela terminou de falar com o Gustavo. 

Começamos a pegar nossas coisas pois não íamos fazer o parto aqui em casa, iríamos para a casa da Niti. Enfiei um vestido pra ser melhor de me trocar, coloquei um chinelo e fui no carro em posição de 4 apoios. Dentro do carro tive uma contração que me assustou, foi muito dolorosa, e quis começar a chorar. Nessa hora eu comecei a achar que não conseguiria. Também já era umas 2h da manhã, eu estava exausta (nesse dias tinha acordado cedo, não tinha dormido de tarde e as contrações começaram no horário de ir dormir - e era impossível descansar entre elas). Eu sempre tive medo de sentir dor, e aquela dor, apesar de eu saber que era necessária pra que o nosso filho nascesse, pra mim estava quase se tornando insuportável. Chegamos na casa da Niti, encontrei ela no portão e a primeira coisa que disse foi “dói!”. Não lembro o que ela respondeu, mas ouvir a voz dela era reconfortante. Entramos, fomos para o quarto que estava separado pro parto. Ficamos lá um tempo, eu me segurando na Niti e no Gustavo, sempre que podia, e gritava, e respirava, e de novo achei que não ia conseguir. Perguntei duas vezes pra Niti “será que não vou conseguir? Dói demais!” E ela, como sempre, calma, ótima, me respondeu que eu ia conseguir sim, que a dor era pra que eu sentisse meu corpo se abrir pro César chegar. Pedi pra ir pro chuveiro, a Niti respondeu para esperar. Provavelmente ela estava regulando o chuveiro dela (que é a gás e demora um pouco pra esquentar) e eu comecei a ficar impaciente. Queria entrar no chuveiro, pois tinha quase certeza que a dor diminuiria. Umas duas contrações depois eu quase gritei “quero ir para o chuveiro!” E aí fomos. A Maria Rita chegou, e eu nem sei mais que horas eram. Já estava com 7 de dilatação, e a essa altura já estava tendo vontade de fazer força. Foi a pior parte. Meu corpo pedia por um puxo, mas eu tinha que respirar pra não fazer força - ainda não era hora. Acho que fiquei no chuveiro mais uma hora, não sei ao certo.

Fomos para o quarto de novo, e assim que chegamos, senti uma contração forte, respirei para não fazer força e não teve outro jeito. Fiz força mesmo sem querer. Me assustei e perguntei porque, a Niti sorriu e disse que eram os puxos. Fiquei aliviada de poder finalmente fazer força. Eu fiquei um bom tempo em pé, e em cada contração me acocorava e me segurava na Niti. Acho que ela estava ficando cansada, rs, porque pediu pra eu ficar em quatro apoio sobre a bola. Fui, e parecia que eu precisava de menos esforço nessa posição. 
As enfermeiras já estavam lá e tinham colocado um espelho, mas eu não quis ver. Estava concentrada demais nos puxos, cansada, e acho que teria ficado assustada, pois meu expulsivo durou uma hora inteira.

Além da Niti e do Gustavo (nessa posição eu me segurava nos braços deles) nossa amiga e fotógrafa Nanci também ficou comigo por algumas contrações. Todos devem estar com alguns roxos nos braços, rs.

Sentia meu períneo trabalhar com César, que vinha e voltava, vinha e voltava. Cada puxo era mais forte que o anterior, e cada vez eu sentia uma ardencia um pouco maior no períneo. No último puxo, fiz força a mais, porque estava cansada e queria que ele nacesse logo. Nessa hora, segundo as enfermeiras, ele estava no meio do caminho e já estava querendo respirar. Se eu não tivesse feito força a mais, ele voltaria pra dentro de mim já aspirando. E aí um bom motivo pra não ter chego a piscininha que queríamos - ele dentro da água teria aspirado água no momento do nascimento. Depois de sair a cabecinha, senti mais um puxo e ele nasceu. Senti o corpinho deslizar e caí sobre a bola suíça. Queria dormir, queria ver meu filho, queria chorar, queria rir. Limparam ele e colocaram uma touquinha, me deram nos braços. Beijei sua cabecinha, seu pezinho, acariciei. Gustavo no expulsivo ficou apenas assistindo, me incentivando e com os olhos marejados, agora chorava. 
Chorávamos. 
A placenta dequitou 40 minutos depois. O pai cortou o cordão. A placenta foi examinada e guardada, e vamos plantá-la.

O trabalho de parto e parto duraram de 5 a 6 horas.
César nasceu às 5:21h do dia 05/11, com 3,310 kg (a ultima ecografia, com 37 semanas, havia apontado que ele estava com 2,690 kg) e com 51,5 cm (última eco: 46 cm). Não mamou na primeira hora, e na verdade durante o primeiro dia todo ele não mamou. O teste deu que ele tinha 38,5 semanas, e ele não tinha reflexo de sucção. Mas hoje (quinto dia) já estamos abandonando o complemento.
Tive laceração de primeiro grau sem necessidade de pontos. Não tive hemorragia.
No segundo dia já estávamos em casa.
E para a enfermeira e os médicos que me diziam que talvez houvessem complicações, que talvez eu precisasse de uma episiotomia pois minha bacia era pequena, que talvez eu precisasse de uma cesárea pois o bebê era grande: que um dia engulam suas palavras e não repitam pra mais nenhuma mãe.Ainda não caiu a ficha completamente sobre o parto. Mas só tenho uma coisa a dizer: foi ÓTIMO, foi perfeito, e eu não pariria de outra maneira. 
Não me arrependo da minha escolha.

sábado, 3 de novembro de 2012

"Só me falaram das rosas, e não de seus espinhos"

Você olha praquela flor,
Sente o perfume,
Aprecia as diversas cores que pode ter. 
Observa como seu botão é delicado, e aos poucos, com o passar dos dias, vê ela desabrochar e ficar com as pétalas esparsas e bem distribuídas, uma perfeição que só a natureza, poderosa como sempre, poderia ter preparado.
Mas ninguém te falou dos espinhos... 
Ah, esses malandrinhos! 
Você quer tocar as pétalas aveludadas, mas ao se aproximar do caule da rosa, leva algumas agulhadas, fica com pontas de espinhos presas sob a pele. 
Nesse momento, você se atém ao caule. 
Aos espinhos. 
Às folhas que caíram ao redor do caule principal, dando lugar às folhas novas e saudáveis. 
Às lagartas, pulgões, fungos, que em alguns pontos castigaram a planta mãe, mas que em nada impediram o florescimento de uma magnífica rosa.


E assim vai ser na gravidez.
Você vai olhar as mães e suas barrigas e vai dizer "não vejo a hora de ser mãe, de engravidar"...
Mas ninguém vai te falar das estrias que podem ou não aparecer. 
Vão te falar dos cremes para evitá-las. 
Você vai ver a felicidade no rosto das gestantes, mas ninguém vai lhe falar das manchas que teve na pele do rosto quando ficou grávida. 
Ninguém vai lhe falar dos inchaços acompanhados de dores nas pernas. 
Nem da dor na bacia, que vem depois de trinta e tantas semanas de gravidez, da dor na pelve, do peso sobre a coluna, da falta de ar ao se deitar, da dificuldade para sair da cama nas últimas semanas, do sono estupendo nas primeiras semanas, da azia durante metade da gestação, da privação do seu doce preferido, da privação da sua bebida preferida, da privação das suas atividades físicas preferidas. 
Podem até perguntar "sente algo diferente? Sente tal sintoma?" durante a gravidez.
Mas antes de engravidar, ninguém lhe dirá nada disso...
E ninguém vai te falar de tudo isso porque o que mais importa é a vida que cresce dentro da mulher grávida. 
É o botão que cresce no ventre e desabrocha para a vida no parto.
É o perfume da criança que chega.
É a ocitocina que inunda o corpo da mãe, que faz com que ela não se importe com tudo isso se estiver bem conectada com seu bebê. E que faz com que a mãe esqueça de qualquer incômodo da gestação, lembrando apenas as coisas boas que a gestação trouxe à ela.

Eu senti o sono desregulado, as emoções à flor da pele, os enjôos e a azia do início da gestação. 
O ganho de peso, a azia contínua, as dores nas costas, o apetite que não cessa do meio da gestação.
O peso extra das últimas semanas, mais azia, mais dores nas costas, na pelve, na bacia, os inchaços nas pernas acompanhados de dor, o calor descompensado nesse calor já intenso e anormal da cidade, a ansiedade do final da gestação.

Tudo isso, depois, passa.

Também senti a diferença do tamanho da barriga entre uma semana e outra.
A mudança nos movimentos do bebê com o passar da gravidez.
Aproveitei para observar, nos primeiros meses, a barriga pulsando a todo vapor, enquanto a placenta se desenvolvia.
Aproveitei para apalpar junto com meu companheiro a barriga, buscando adivinhar em que posição ele estava.
Aproveitei a expectativa de fazer a primeira ultrassom e descobrir qual seria o sexo da criança.
Aproveitei os chutes e a movimentação pra pegar no meu bebê por cima da barriga, pra que ele sentisse que já era amado.
Aproveitei pra sentir a dor no colo, que significava que ele estava encaixando para o momento em que estiver pronto pra nascer.

Aproveitar enquanto meu filho ainda está aqui dentro, protegido e tão próximo de mim... isso só irá durar até o parto.
Atenho-me, então, ao que interessa. E não aos espinhos.


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Um elo da vida...

Depois de fazer um exame pra comprovar que minha placenta está normal, fiquei muito mais amiga dela. Dá vontade de fazer mais carinhos na barriga bem no local em que ela está (no topo do útero) do que ficar procurando os pézinhos do César (nada difíceis de encontrar, do meu lado direito, rs).

Então resolvi fazer um post sobre a placenta e o cordão umbilical.

O que eles são? Pra que servem? Como funcionam? Pra onde vão?
É, bem globo repórter mesmo, hehe.

Bom, a placenta é um órgão que se implanta no útero, geralmente no "fundo" dele (ficando no topo da sua barriga) e na maioria das vezes na porção posterior. Dela sai o cordão umbilical, que tem três vasos sanguíneos para nutrir o bebê e lhe levar oxigênio, além de retirar da corrente sanguínea dele quaisquer metabólitos que normalmente iriam, por exemplo, pra urina. Também leva hormônios e outras coisas que atravessem a placenta até o feto.
Já fiz antes aqui um post sobre a placenta prévia, que é quando a placenta fica implantada em cima do orifício do colo do útero. Nesse caso não é possível fazer parto normal, porque a placenta está no caminho, e se ela "nascer" antes do bebê, vai parar de fornecer oxigênio para a criança, além de poder causar uma hemorragia. Inevitavelmente, quem tem placenta prévia vai passar pela cesárea (bem indicada, salvadora de vidas, nesse caso).

No meu caso, a placenta estava próxima do orifício cervical (colo do útero), o que poderia ser um agravante pra não poder ter um parto natural. Fizemos uma nova ecografia pelo SUS, e o laudo super bom nada dizia sobre a placenta. Remarcamos uma ecografia pras 36 semanas - o laudo ingrato dizia apenas: "distando mais de 20 mm do orifício cervical".
Peraí moço...
Mais de 20 mm quanto? Mais 30mm? Mais 100 mm? Mais quanto?
Refizemos uma ultrassom dessa vez com doppler. O médico disse "mas porque será que o médico ficou preocupado com a placenta? não entendi...". Respondi já esperançosa com a pergunta dele: "é que na ultrassom dizia que estava perto do colo, e eu quero parto normal, daí ficamos preocupados". Ao que ele responde: "nããoo, mas olha sua placenta, está bem aqui!" E passou o aparelho de ultrassom bem na parte de cima da minha barriga. Foi um alívio só!
A única coisa de diferente (e que nada tem de agravante clínico) é que minha placenta está anteriorizada (ou seja, quando coloco a mão sobre a barriga, coloco diretamente sobre o local onde a placenta está inserida). Isso explica porque o César não fica na posição de dorso com o meu abdômen - li hoje que bebês preferem ficar de frente para as placentas. Ou seja, nada melhor para César do que ficar mais lateral (do lado esquerdo) ou mais virado com as costas para as minhas costas.

Durante o nascimento do bebê, ele continua recebendo oxigênio pela placenta. Por isso que a desculpa de circular de cordão, que vai enforcar e sufocar seu bebê, não cola, viu? O cordão vai é enforcar seu médico, se você quiser acabar com a vida de um incompetente desses, depois que seu filho nascer. Até 30% das crianças nascem com circular de cordão e não morrem por isso. A menos que o cordão seja comprimido, aí sim o bebê corre riscos. 
Depois de nascido o bebê, a placenta é quem precisa "nascer". Se o bebê for colocado logo em seguida ao nascimento para mamar com a mãe, haverá liberação de ocitocina. Esse hormônio é o responsável por fazer com que o útero se contraia (além de ser responsável pelo amor incondicional de mãe e filho logo após o nascimento - por isso é chamado hormônio do amor). Naturalmente, a placenta sairia em 30 minutos, sozinha. Mas nos hospitais o que geralmente ocorre é a intervenção da equipe, que traciona o cordão umbilical para retirar a placenta, ou faz massagens no abdômen. Isso é ERRADO e pode causar hemorragia na mãe, além de poder deixar pedaços da placenta dentro do útero (o que vai requerer mais intervenções médicas para retirada desse pedaço).
Outro procedimento errado é o corte precoce do cordão umbilical. Isso porque o bebê pode ser privado de até DOIS TERÇOS de todo o seu volume sanguíneo - que fica contido na placenta, inutilizado. Veja a imagem abaixo, como é diferente um cordão logo após o nascimento e alguns minutos depois, quando clampeado (cortado) tardiamente.


E isso só pra ser tudo mais rápido - ninguém quer saber de estudos que comprovam que a técnica é prejudicial ao bebê, só querem que a linha de produção de bebês e mamães seja rápida - vapt vupt!
Depois de nascida a placenta, ela vai ter alguns destinos, dependendo do lugar:
- lixo hospitalar
- indústria de cosméticos (oi?... é, isso mesmo... estranho?)
- a mãe decide o que fazer com a placenta.

Achou mais estranho a mãe pedir a placenta pra resolver o que fazer, do que ela ir pra indústria de cosméticos?
Em algumas culturas, a placenta é tão importante que pode ter destinos bem diferentes. O parto de lótus é um exemplo. O bebê fica ligado ao cordão e à placenta, até que o cordão caia sozinho.
Em outros casos, os pais enterram a placenta, seja em locais específicos, sagrados por exemplo, seja embaixo de uma árvore milenar, seja num lugar novo com uma planta nova em cima dela.
E esses ritos tem muitos significados também. A maioria acredita que plantar a placenta faz a criança crescer forte e saudável.
Recentemente presenciamos um plantio de placenta lindo e emocionante. Acredito que pros donos da placenta, o significado foi muito maior do que posso entender.
Eu e o Gustavo temos discutido o que fazer com a nossa placenta - não vamos simplesmente jogá-la fora, mas também não sabemos qual será o significado do plantio, se fizermos, pra gente. Acho que temos que amadurecer bem a ideia.
Mas uma coisa é fato - depois do susto que tomei, quase sendo impedida de um parto normal, amo minha placenta como amo meu filho!


César, seu mundo, a árvore da vida, e a placenta bem no topo da barriga, pra ninguém botar defeito!
Foto: Fotógrafa Nanci Novak




segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Reflexão para César

Era quase como se eu fosse uma criminosa. Como se eu estivesse fazendo algo ilícito, por baixo dos panos, na surdina extrema, pra que ninguém me denunciasse, me condenasse, me desanimasse.
Mas antes de mais nada, o que eu estava tentando evitar é que deveria ser o crime. É o que deveria ser feito na surdina, mas que era escancaradamente parte do tratamento de milhares de mulheres e bebês que se sujeitavam (quer por desconhecimento, quer por falta de opção) às piores formas de tratar as primeiras horas de vida de um ser humano no mundo.

E então lá estava eu - por volta de 30 semanas, tendo um colapso por causa do SUS, por causa de cesáreas desnecessárias e intervenções mais desnecessárias ainda em "Partos Normais" - parto normal, aquele sonho de qualquer mulher que quer evitar a cirurgia cesárea, que quer voltar ao seu "normal" o mais rápido possível, sem precisar cuidar de pontos, sem precisar cuidar de cicatrizes... Onde foi parar você, parto normal?

É triste ver como o tratamento criminoso dado às mulheres que dão à luz, hoje, é "absolutamente normal". As mulheres estão tão acostumadas (acostumadas a acharem que seu corpo é defeituoso, acostumadas a achar que o médico é quem tem razão, acostumadas a ouvir que a opinião delas vale menos, acostumadas a serem deixadas em segundo plano...) com esse tipo de tratamento que simplesmente não enxergam a violência que sofrem num momento desses - ainda mais quando, em trabalho de parto, ou em se tratando de suas crias, são aterrorizadas pelas possibilidades de serem as culpadas pelo mal que pode ocorrer aos filhos, ficam vulneráveis.

Quem foi que disse que seu corpo é defeituoso? Quem incutiu na cabeça de nós, mulheres, que não podemos suportar a dor do parto? Que não podemos esperar até 42, 43 semanas de gestação porque nosso corpo é que foi defeituoso e não iniciou o trabalho de parto antes? Que nunca vamos parir porque não temos dilatação, não temos passagem? Quem nos deu esse atestado de incompetência tão bem aceito nos dias de hoje?

Os erros são tantos, criados por uma sociedade doente por achar doenças, por achar defeitos, que me dá medo de deixar meu filho num mundo louco desse. Aliás, esse era um dos motivos porque eu não queria ter filhos: como, ó Deus, meu filho vai viver nesse mundão de gente louca, insensível, desumana? Como? Num mundo em que o certo é errado de se fazer, e que o errado é o certo aceito e sendo praticado?
Depois que fiquei grávida: Como?

Deixai filhos melhores para o mundo. 
Espero que César, por mais que não encontre um mundo melhor quando nascer e quando começar a entender, seja mais uma sementinha de um mundo melhor. Que no futuro o certo seja o praticado aos quatro ventos, espalhado, cantado. 
Que o errado que se pratica hoje seja esquecido e jamais repetido.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Enrolada

Duas provas hoje, um trabalho pronto pra imprimir, dois trabalhos para fazer/começar. Mais uma prova na segunda-feira, mais outra prova na terça-feira. Mais um trabalho começado para terminar até segunda-feira. Um resumo pra revisar essa semana.
Comprar coisas pro César que ainda faltam. Controlar o ganho de peso, porque engordei um quilo em uma semana. Ansiedade por causa de estarmos já na 36ª semana de gestação. Cuidar das estrias que resolveram aparecer só depois da 33ª semana ):
Tenho que fazer uma procuração pra que façam minhas matrículas caso eu esteja incapacitada disso na semana de matrículas. Abrir processo pra pedir licença na universidade. Pedir a grade horária pra coordenadora pra que eu possa me programar quanto às matérias que posso fazer...

E esperar pelo César, que pode vir no meio de tudo isso...

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Da definição de dor

"A dor é definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável,associada a um dano tissular real ou potencial ou descrita em termos de tal dano".



Estava hoje na aula de farmacologia, e iniciamos o estudo da dor, um dos sinais principais da resposta inflamatória (apesar de não estar presente só nela).
A frase acima, que define dor, me chamou a atenção por si só, uma vez que é uma definição bem consolidada cientificamente, e também pelo exemplo que o professor utilizou depois.

"Uma mulher que sente dor ao dar à luz sentirá muito menos dor do que se eu dissesse a esta mesma mulher que o que ela tem em uma das mamas é um tumor. Ela sente menos dor no parto, ou essa dor se torna bem mais suportável, pois o prognóstico é o nascimento de uma criança. Ela sente mais dor no tumor, pois o prognóstico pode ser ruim, já que ela está doente".

Não sei qual o enfoque dado na dor nas aulas de medicina, e outros cursos em geral, mas se até nas aulas de graduação isso é colocado - ou seja, que a dor tem um importante aporte do EMOCIONAL da pessoa - não consigo entender como ainda hoje o atendimento obstétrico em muitos países, no Brasil principalmente, ignora o fato de que a mulher em ambiente hospitalar, sendo tocada o tempo todo, examinada, sem acompanhante, sendo tratada definitivamente de modo a deixar seu emocional totalmente abalado, é um dos fatores que leva as mulheres a se entregarem aos métodos analgésicos medicamentosos, que seriam totalmente desnecessários se ela estivesse num ambiente que privilegiasse o seu emocional e seu controle sobre a própria dor.

Os métodos de analgesia podem sim ser usados pelas mulheres que desejarem, mas seria interessante que elas soubessem todos os seus efeitos sobre ela e sobre o bebê, e quais as alternativas a eles. 
Muitas mulheres deixam de sentir os puxos e o trabalho de parto estaciona devido à analgesia. Muitas mulheres, por não saber exatamente quando fazer força ao estarem em estado de analgesia, fazem uma força tremenda no expulsivo e dilaceram o períneo. Muitas mulheres ficam restritas ao leito, sem poder se movimentar, devido aos métodos de analgesia que limitam os movimentos das pernas. Qualquer anestesiamento da mulher, assim como medicamentos analgésicos, irá sim afetar a criança, em menor ou maior grau - o que significa que bebês paridos sem que a mãe esteja medicada com métodos analgésicos sejam muito mais atentas no momento em que nascem, o que facilita a criação do vínculo mãe-recém nascido assim que a criança sai do útero.

Nenhuma dessas informações normalmente são passadas às parturientes que chegam aos hospitais já assombradas pela visão atual de parto e trabalho de parto (que é um sofrimento, que é um sacrifício, que dói e é apavorante). E se aplicam anestesias e sorinhos com analgésicos às mães, e elas nada sabem. Estranham quando o trabalho de parto para, decepcionam-se pois vão para uma cesárea e dizem que não foram capazes de parir. 
A dor então se torna outra - aquela que não se relaciona com dano tecidual nenhum, mas aquela que fica entalhada no espírito...

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Lá e de volta outra vez...

O desespero tomou conta da Federal do Paraná - o CEPE se reuniu e jogou o calendário de reposição de aulas mais bizarro do mundo. E quem se ferra? Claro, os estudantes.
Mas claro que todo estudante que se preze deve sofrer um pouco na vida, se não for pela graduação e estudos em si, que seja pela greve, rs. Caindo a gente aprende a levantar - ou se rala todo, chora, reclama, fica bravo, e só depois arranja um apoio e volta a ficar em pé.

O retorno às aulas pra mim está sendo mais dramático - final de gestação, pra mim o ideal seria já ter terminado o primeiro semestre. Mas, vamos lá: vou pedir "as contas" (afastamento) da graduação já para o dia 10/10, por aí. Motivo? Preciso de um tempo pra mim e pra cuidar das coisas pro meu querido parto natural, e que César venha ao mundo com o maior respeito e mais amor possível, rs.

A começar pela leitura do livro "Parto Ativo", passando por exercícios físicos, e muitas visitas à Nitiananda lá na Casa Vivà.  Já disse que vou precisar de um calendário pra me programar sobre o que tenho a fazer nos próximos dias. As aulas per se já me tiraram a graça das quartas-feiras ): que era pra eu ficar a tarde inteira na Casa Vivà, mas não vai dar pois tem aula até 18:30h. Pelo menos por enquanto.

Hoje a Niti tentou entender a posição do César no meu útero. Chegamos à conclusão de que ele já pode estar encaixando e ficando "de cabeça pra baixo" (apresentação cefálica). Mas ainda agora senti um chute em lado totalmente oposto do que de hoje a tarde e dos últimos dias - acho que o agitadinho está rolando pra lá e pra cá ainda, aproveitando o espaço que em breve não vai mais ter.

Enfim, apesar da correria... Feliz!

sábado, 15 de setembro de 2012

Conforme-se... Só que não

A sexta-feira prometia (e eu me prometia que essa promessa de sexta-feira era pra ser das boas!). Participei da feira de cursos e profissões no Stand da Farmácia - venham, venham, venham fazer farmácia! Biomedicina não tá com nada (brinks, haha). Depois disso voltei pra casa, tomei um bom copo de suco de laranja e lá veio a Niti pra nos acompanhar no evento da tarde:

Ir até a Unidade de Saúde novamente pra tentar trocar a minha maternidade de referência. Conversar com a  Autoridade Sanitária.

Chego lá e digo a finalidade da entrevista: quero conversar sobre a troca de maternidade - e se possível, consumar o ato, aqui, agora, por favor, POR FAVOR!
A primeira frase já é: eu não posso (ahãm, tá bom). A mulher me ofereceu a Maternidade do Bairro Novo (responsabilidade do Hospital Evangélico - todas sai correndo). E ela me diz "Pode ser?", ao que eu respondo com um sorriso e um "Então, não, não pode".
Aí começou a conversa mais unilateral que já vi na vida. A Niti parecia indignada com a mulher, mas não tanto quanto eu. Ela disse que entendia meus motivos (ah é? acho que não, viu moça) mas que na posição de profissional responsável por mim (hum?) não poderia me encaminhar pra Victor Ferreira do Amaral por motivo de falta de pessoal no Hospital, possibilidade de eu ficar sem um médico pra me acompanhar no meu  trabalho de parto (e nem quis saber que a gente nem queria isso mesmo), e que ela não ia correr esse risco, ela não queria correr esse risco.

Na mesma hora eu pensei: e porque você não me pergunta o que EU quero?

Conversa vai, conversa vem ou só conversa que vem mesmo, ela falou que o que eu queria era muito difícil - difícil porque nós estávamos inseridas num sistema, com protocolos que deviam ser seguidos, que eu não tinha como conseguir o que eu queria no SUS, que se eu quisesse de fato um parto humanizado eu ia ter que fazer particular. Resumindo, a autoridade disse um belo: cala-te boca e se conforma, que toda mulher é atendida assim e ponto. Soltou inclusive a frase de que eu não posso ter o controle sobre o que acontecerá no meu parto - ao que eu respondi novamente com um sorriso e "Eu vou ter sim".
Depois ela disse que era pra eu conversar com o médico que ia me atender na semana que vem, e que quando eu fosse me consultar, era pra eu chamá-la pra ela estar na consulta junto comigo, porque ela PRECISAVA PORQUE PRECISAVA da autorização dele pra me trocar pra Victor Ferreira do Amaral... A resposta foi que sim, chamaria, mas na prática acho que não vai ser bem assim (porque tanto eu como a Niti concordamos que ela pode querer induzir o médico a não me trocar por nada no mundo e eu novamente ficar a ver navios).

No decorrer da conversa, em nenhum momento ela deu abertura pra Niti falar direito, em nenhum momento realmente nos ouviu, em nenhum momento realmente nos acolheu, apenas se sentou com seu escudo de Autoridade e nos rebateu em todos os sentidos. E lá foi ela inclusive dar um exemplo de circular de cordão como indicação pra cesárea - Acho que eu e a Niti, por dentro, estávamos gritando "NÃO, NÃO E NÃO!!".

E esse é o sistema que me atendeu hoje - e que me pediu pra ficar quietinha no canto.
Shiu, viu mãezinha?

A promessa de sexta-feira das boas caiu por terra... por pouco tempo.

O encontro que tive mais tarde, com um grupo totalmente diferente, me fez chorar: chorar porque o sistema é burro, e porque talvez eu vá buscar as minhas próprias soluções. E ao chegar em casa, a calma me tomou de tal forma... E daí se eu estou nadando contra a maré - aquele grupo de 20, 30 pessoas com quem eu acabara de estar, também nadava contra a maré... 
Eles me deram mais forças pra acreditar que tudo vai dar certo sim - e eu tenho papel fundamental nisso. Não vai ser autoridade sanitária nenhuma, ou médico, que vai me dizer o que é melhor pra mim sem me consultar, sem me entender, sem me ver como o que eu realmente sou: um ser humano, uma mulher, uma mãe.

E uma teimosa.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Crise dos 50

Março de 2012
Gustavo: amor, agora que você está grávida, vai ficar toda gordinha!
Jenifer: eu não, olha só isso, tô com 39 quilos!
Gustavo: é, mas aposto que até os nove meses você vai chegar nuns 50!
Jenifer: ah tá, até parece... Se eu chegar nos 48 é muito! Não vou passar de 50 é nunca!
Gustavo: ahã, vai se iludindo, vai...

Setembro de 2012

Saindo do dentista.

Gustavo: e agora, o que a gente vai fazer?
Jenifer: passar ali na farmácia que eu quero me pesar!
Gustavo: vamos lá então, dona gestante.

Balança aponta exatamente 50,0 kg.

Gustavo: Quem é que disse que não ia passar dos 50?
Jenifer: Eu ainda não passei, tá redondinho nos 50!
Gustavo: Você ainda tem mais dois meses pra engordar...
Jenifer: Fica quieto e vamos logo embora. ¬¬'


terça-feira, 4 de setembro de 2012

Eu x Episiotomia

Como já disse em posts anteriores, meu maior medo antes de engravidar era só um: o parto.
Depois de muitos medos novos serem esmagados nos últimos cinco meses, só restou um medo com o qual eu ainda conseguia acordar meu namorado de manhã e começar a chorar igual um bebê: o parto.

Acho que toda mulher deve ficar pensando: como é que aquela coisa fofa, com carinha de joelho e cheia de dobrinhas vai sair por AQUI? (E esse aqui vocês sabem muito bem que do que se trata, né).
Outras podem pensar assim e depois se sentir aliviadas: "ainda bem que vou fazer cesárea! Não quero sofrer no parto, nem pensar..."
Como já disse antes, não quero cesárea, e dei os motivos. É parto normal e ponto, até que me digam que minha vida e do César dependem de outra coisa que não seja isso.

Fui procurar mais sobre o parto normal. Descobri milhares de posições do parto: de cócoras, deitada, levemente deitada, na água, etc. Parto em casa, parto no hospital, casas de parto. E descobrindo, pesquisando e fuçando, eu descobri a Episiotomia.

Episiotomia?
Se vocês forem no Google pesquisar "Episiotomia" vão descobrir que se trata nada mais nada menos do que um corte que os médicos têm o costume de fazer na mulher pra facilitar a saída do bebê. Exatamente isso que você leu: eles têm o costume de fazer. Mas peraí, não era parto normal, em que a gente simplesmente faz força e poft, nasceu?
Depois disso eles dão o famoso "ponto do marido", pra fechar igualzinho ao que era antes (igualzinho?). Eu, procurando saber melhor do porquê desse procedimento, acabei dando de cara com artigos recentes que diziam: a episiotomia de rotina é ERRADO, mas mesmo assim, continua sendo "de rotina" em muitos hospitais, para muitos médicos, etc. 
E porque é errado? Vou listar algumas referências no final da postagem, mas vamos agora aos fatos.

A episiotomia é "recomendada", sem evidências médicas, para prevenir lacerações graves no períneo da mulher, para evitar lesão irreversível do assoalho pélvico da mulher e evitar incontinência urinária pós-parto, e claro, para facilitar a saída do bebê. Nenhuma dessas recomendações tem embasamento científico, e as lacerações de pior grau ocorrem justamente naquelas mulheres que sofrem episiotomia (além de ter maior incidência de complicações como infecções). Isto porque a elasticidade própria da região do períneo é, na maioria esmagadora dos casos, suficiente para que o bebê nasça sem gerar maiores problemas para a parturiente.

Quanto ao "igualzinho ao que era antes": quem garante? A episiotomia pode ter um corte de até aproximadamente 7 cm (e não vai ter médico com régua medindo sete centímetros para te cortar, ele vai chutar o tamanho, e se for 10cm ou 6cm tanto faz). Esse corte feito desnecessariamente pode causar, em algumas mulheres, desconfortos que duram a vida toda, inclusive podendo causar problemas para manter relações sexuais. Conversando sobre isso com uma mulher que teve episiotomia há mais de 15 anos, ela disse "sim, depois fica com defeito, como eu fiquei!". Com defeito... Imagine você pensar em você mesma como estando com defeito por mais de 15 anos? A cicatrização também é mais difícil, já que foi um corte total dos tecidos, e não uma lesão natural (quando o parto normal causa laceração, a cicatrização ainda é mais rápida que da episiotomia).

Além disso, a maior parte das vezes em que ela acontece, o médico não informa a mulher sobre o procedimento, simplesmente o faz. Ou seja, você que chegar na sala de parto totalmente desinformada, vai ter que engolir tudo que o médico disser e fizer, vai sofrer uma violência obstétrica, uma violação do seu corpo (SEU corpo) e isso está tudo muito normal, obrigada. Mas é claro que pro médico é muito mais fácil fazer a episiotomia e diminuir o tempo da fase expulsiva do parto de 50 minutos pra 10 minutos.

Depois de descobrir tudo isso, eu já estava querendo sentar e chorar de novo. Eu ia ser aberta de qualquer jeito, onde é que estava meu direito de dizer: não, eu não quero ser cortada em lugar nenhum, obrigada?

Pesquisei no google e revirei cada canto de fórum, blog, site, sites oficiais de ministérios de saúde (fui parar no de Portugal!) atrás dos direitos que as mulheres gestantes tinham de escolher entre fazer ou não a episiotomia. Acabei descobrindo mais sobre o parto humanizado também, sobre o qual vou falar em outro post. A verdade é que não encontrei nada que me ajudasse, e quase em todo lugar se falava da episiotomia como se fosse a coisa mais normal do mundo: inclusive como se fosse extremamente necessário. 

Pra mim, não é.
Pra Medicina Baseada em Evidências, também não

A partir dessas pesquisas, descobri um novo jeito de dar a luz: eu fazer o parto. 

"Como assim? Não é o médico que faz o parto?"
Não precisa nem de resposta, basta apenas refletir:
Quem engravidou, em primeiro lugar? Quem vai sentir as contrações no trabalho de parto, e as dores? Quem vai precisar fazer força, respirar, ter forças, etc, na hora de expulsar o bebê do útero?
O médico e a equipe estão ali apenas para auxiliar e prevenir possíveis complicações - as intervenções inventadas através do último século para "Facilitar" o parto... essas são totalmente dispensáveis, até que se prove que mãe ou criança correm riscos.

A minha imagem de parto era bem aquela de novela: a mulher deitada e o médico mandando ela fazer as coisas, sem ter voz nenhuma perante a autoridade de saúde presente. Agora, estou decidida a fazer do meu parto o que eu quiser (e puder), mesmo dependendo de SUS. Apesar das novas práticas implantadas no SUS, como a Rede Cegonha e o Humaniza SUS, a maior parte das informações sobre a humanização do parto se restringe a permitir acompanhante para a gestante (e só um) e um atendimento mais humano (que é muito subjetivo). Uma cartilha que encontrei esses dias no grupo do Facebook sobre parto, e que era justamente da Rede Cegonha, instruía os médicos sobre as desvantagens da episiotomia e muitas outras coisas... Adivinha se você encontra essa cartilha facilmente na internet? Adivinha se algum médico leu essa cartilha de cabo a rabo no SUS?
Por isso informação é tão essencial: uma coisa é ir pra forca sabendo que cometeu o crime, outra coisa é ir pra forca "porque sim" (nesse caso - ir pra faca né).




Para quem quer saber mais sobre a tal episiotmia e o porquê de você não querer e nem precisar dela, aí estão alguns links:

http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v29n1/a01v29n1.pdf
http://www.amigasdoparto.com.br/episiotomia3.html
http://www.febrasgo.org.br/arquivos/femina/Femina2010/fevereiro/Femina_v38n5/Femina_v38n5p265-70.pdf

Recomendo também o Blog da médica Melania Amorim - listado ali do lado (Estuda Melania, Estuda!): uma médica que não faz episiotomia nas parturientes que atende há muitos anos e descobriu na prática como esse é o melhor jeito pra uma mulher ter o filho.
É disso que o SUS precisa - e a rede privada também, com suas cesáreas desnecessárias - hoje: médicos realmente conscientes e comprometidos com a saúde dos pacientes (e não preocupados com a agenda e quanto estão ganhando com os partos que induzem, aceleram, antecipam, etc).


Cheiros

A cozinha cheirava a sabonete de glicerina, essência de nana neném e desespero meu e da minha sogra. Desespero ao perceber que nosso sabonete de glicerina no tom amarelo e no tom azul (ainda intocado!) estavam ficando numa consistência estranha e que jogou por terra nosso embalo de fazer os sabonetinhos pra lembrança do chá-de-bebê do César...
Inclusive, uma das forminhas foi pro lixo - o sabonete não desgrudou nem com reza braba.
Pelo menos já temos 24 exemplares de sabonete prontos, faltam só mais 36 D:

Cheiro de persistência - amanhã tentaremos novamente!

domingo, 2 de setembro de 2012

Recebendo ajuda de uma doula

Como eu disse no post anterior, eu falei com minha Autoridade Sanitária (uma mulher que teve três partos normais e me veio com papo de 'você é muito pequenininha') para trocar pra Victor Ferreira do Amaral (maternidade de Curitiba que conta com enfermeiras que prezam pelo parto humanizado e que não é GARANTIA de rolar um parto humanizado natural, mas que tem muito mais chances do que a Mater Dei). 
Inconformada por ela me tratar como uma louca com mania de perseguição, na mesma semana fui, junto com o Gustavo, conversar com a Niti, na Casa Vivà, um lugar muito muito aconchegante (acho que o termo "Casa" foi muito bem apropriado, rs). Aproveitamos pra comer um lanchinho enquanto mais ouvíamos do que participávamos do encontro de Mães e Bebês.
Enfim, acho que a Niti até ficou cansada de me ouvir falar, falar, falar - mas eu precisava tanto! E saindo de lá me senti muito mais calma - apesar de não ter resolvido nada imediato.
Foi uma conversa pra refletir por uns dias no que vou fazer da vida nas próximas semanas ainda...
Só sei que nesta mesma semana, vou voltar à minha US pra trocar de maternidade - e não arredo o pé até trocar de fato ou me expulsarem de lá.

E porque a conversa com a Niti foi tão boa?
Acho que agora cabe esclarecer aqui o que de fato é uma doula.

O significado principal da palavra doula é "mulher que serve". Mas uma frase tão simples não ilustra tudo que uma doula pode fazer por você. Hoje, doula é a mulher que foi capacitada para acompanhar a mulher, antes do parto, no trabalho de parto, na hora do parto, e no puerpério também. A doula não vai substituir o parceiro - ela vai dar apoio à gestante e ao parceiro, formando um "círculo perfeito" - mãe e parceiro juntos, com o apoio emocional da doula, que também serve de ponte, no hospital, entre os dois e a equipe médica.
Antes do parto, a doula faz o acompanhamento do casal, explica intervenções que podem ocorrer, pode ensinar a mulher posições para se sentir mais confortável no trabalho de parto, entre muitas outras coisas.
No parto, a doula diminui os efeitos de a mulher estar num ambiente hospitalar, em que pouco há de familiar e acolhedor, na maioria das vezes. Até mesmo no pós-parto, pode ajudar com a questão da amamentação.

A Nitiananda é uma doula ("uma" doula... é "a" doula!), que se ofereceu para me acompanhar. Aceitei de coração, já que meu desespero nessa altura da gestação é tanto que acho que vou precisar de conforto de verdade, e não por só terem me recomendado muuuito ter uma doula. Pelo menos o trabalho de me ensinar o que pode ou não acontecer no parto ela já não vai ter - fui autodidata até agora, hehe.

A partir de agora vou ver se consigo participar também das atividades na Casa Vivà, que acontecem toda quarta-feira. 

Planos novos pra próxima semana, contando com o apoio de mais gente!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Quem não é cego, tapa os olhos!

Hoje fui até a minha Unidade de Saúde pra conversar com a Autoridade Sanitária Local (que é isso?** - vou chamar de ASL). Meu objetivo: desvincular-me do Mater Dei, a maternidade com maior número de opiniões adversas e alertas para mães desesperadas de Curitiba. Embora eu não possa afirmar nada, né.

Chegando lá, encontro uma moça de uns 40 anos por aí (pra mim é moça! ok!) loirinha de cachinhos amistosos e olhos claros - quase pensei: é um anjo! Vai me ajudar! Senta lá, Jenifer... Não vou citar o nome.

Vou simplificar o diálogo aqui:

ASL: oi Jenifer, tudo bem? Qual o problema?

Eu: então, eu estou vinculada no Mater Dei, e logo depois que fiquei grávida, eu andei pesquisando muito, na internet, conversando com pessoas conhecidas que tiveram seus filhos lá, amigos, etc. E quase 90% dos comentários são: troque imediatamente! Troque já! Então assim, eu vou fazer a visita, mas muitas mães já me alertaram que na hora de perguntar e responder eles são super humanos, mas o atendimento é outra coisa, e eu andei pesquisando muito sobre parto natural e humanizado, e eu não quero que eu seja desrespeitada, entende. Quero meu parto com o menor número de intervenções possíveis, já fiz um plano de parto. Meu objetivo na verdade era trocar de maternidade lá pra Victor Ferreira do Amaral, que eu sei que é referência em humanização de parto.

ASL: Essas pessoas com quem você conversou, que idade tem os fihos agora?

Eu: entre 2 e 5 anos, acho...

ASL: Então, a Mater Dei mudou de direção, há dois anos, e hoje eles estão sob responsabilidade do Nossa Senhora das Graças, um hospital super respeitado, com atendimento bom. E eu vou falar por mim, eu tive 3 Partos Normais, e eu sei que o que precisa é de uma equipe. É a enfermagem, o médico e um ambiente bom pra você ter o seu filho. Agora veja, eu não consigo ver você direito daqui, mas eu vi que você é muito pequenininha... Talvez você tenha uma bacia tão pequena não dê pra fazer um parto normal, por causa que a sua bacia não vai permitir a saída da cabeça do bebê, né. Então aí seria um caso de Cesárea. E tem também o fato do mãe curitibana (explicou o programa todo) ... nós só poderíamos trocar você caso você apresentasse algum fator de risco, até a véspera do seu parto. E eu também, eu iria querer ter meus partos no Victor se eu pudesse escolher, mas lá é só para gestação de alto risco. O que acontece lá também é que em alguns casos, é o médico quem recomenda o parto na banheira - a mulher nesse caso tem que ter maturidade, e quem vai indicar é só o médico. Então assim, é uma roleta russa, você pode ter um bom atendimento tanto na Mater Dei quanto na Victor. Se você quiser voltar aqui depois de visitar a Mater Dei, a gente conversa, mas dê uma chance lá. Eu posso até trocar você, mas você pode estar tomando o leito de outra grávida, de risco, ou nem ter leito pra você quando você for pra lá, ficar no corredor, em maca, não sei, porque lá tá superlotado. A gente tem que ter o bom senso também. E assim, essas pessoas que falam de experiências ruins, é porque tem tempo, geralmente quem teve experiência boa guarda pra si e não sai por aí falando, vai cuidar do seu bebê, feliz.

Eu: uhum, ok, beleza. Eu vou fazer a visita mesmo, mas depois vou voltar aqui. Vou tentar essa semana ainda ir lá visitar. Eu preferia ter meu parto na victor de qualquer jeito, mas vamos ver...

ASL: isso, dê uma chance pra maternidade. E assim, fatalidade acontece em qualquer lugar, a gente sabe, e é sempre quando fazem mais alarde. E esse pessoal na internet, é bom que você saiba escolher bem as informações, ou melhor, se puder, nem leia! Eles só fazem terrorismo nas mulheres! Você não pode se desesperar agora, tem que pensar no que é melhor pro bebê, ok? Conversa com o GO na próxima consulta, ele vai poder te explicar algumas outras coisas melhor, tá?

Eu: ok, vou falar sim. Muito obrigada. *Sorriso simpático que só eu sei dar com meu aparelho e carinha de 16 anos*

ASL: e vá na visita ein? Tudo de bom, qualquer coisa é só vir conversar com a gente.

Eu: Obrigada, um bom dia. *sorrisinho de novo*

__________________________________________

Agora vamos aos fatos:

1. O que precisa é de uma equipe de qualidade: se só a direção do Hospital mudou, significa que o corpo do Hospital pode ter permanecido o mesmo, e os açougueiros de lá são os mesmo de 10 anos atrás.

2. Você é muito pequenininha: moça, minha mãe tem 1,56 m, e eu e minha irmã nascemos de parto normal. Antes de existir o SUS. E agora cláudia?

3. O médico indica o parto na banheira e a mulher tem que ter maturidade: me chamou de louca mimada de 14 anos criada a leite com pêra que não tem maturidade pra querer parir do jeito que quiser (!). E outra, desde quando existe indicação clínica específica pra parto na banheira, e desde quando isso é só pra mulher em gravidez de risco (se o Hospital é só pra gravidez de risco)?? Hãn, alguém explica?

4. Chamou as mães que sofreram violência obstétrica no Mater Dei de desocupadas que só querem saber de reclamar em vez de ir cuidar dos filhos: oi?

5. Chamou as mães que postam na internet coisas sérias, dicas importantes e outras coisas de Medicina Baseada em Evidências de loucas terroristas: oi? não, não repete, vai me dar crise alérgica...

--

Depois de conversar com ela, ela mesma, que teve três partos normais, duvido que naturais, me deu uma vontade louca de perguntar se ela tinha passado por sorinho com ocitocina, manobra de kristeller, episiotomia não consentida, jejum prolongado e desnecessário no trabalho de parto, e agressão verbal. Mas resolvi que era muito pessoal. Só de uma coisa eu me convenci: as próprias mulheres que trabalham no SUS tapam seus olhos. Tapam seus olhos pra ver o absurdo que acontece dentro das maternidades por aí. E esse papo dela de "a maioria teve experiências boas e foi pra casa feliz" não me convence por um só motivo: muita mulher que é atendida dessa forma não PERCEBE a violência que tá sofrendo - acham que é normal. Acham que é normal o parto, uma coisa tão NORMAL (esse sim merece a atribuição dessa palavra), tão jurássica, tão fisiológica quanto ir ao banheiro - isso mesmo ¬¬ - tem que ser tratada como um caso de hospitalizar a mulher e ter um médico fazendo tudo que pode pra intervir na natureza. Além de interferir, também gera na mulher um trauma - minha mãe até hoje, quando eu falo "episiotomia" (ela já sabe o que é, depois de eu mencionar tanto que não quero) faz uma cara de quem tem muitos fantasmas e tristezas dentro de si. Tenho vontade de abraçar ela e ninar como se fosse ela minha filha, e não o contrário. Acho que é isso que o sistema de saúde precisava ver: a cara das mulheres que sofreram violência obstétrica, ao descobrirem que passaram por algo desnecessário - a cara do medo, da frustração e da tristeza que ficou pra vida toda.



Quem não é cego de verdade, enxerga, mas não quer ver. Tenta esconder a realidade, tenta convencer os outros do mundo cor-de-rosa perfeito, e tapa os olhos para o mundo e DO mundo! Essa é a nossa realidade.


** Autoridade Sanitária Local – além da chefia única para  a Unidade de Saúde, é o representante do poder público para o campo da saúde com responsabilidade sobre todo um território. Fonte.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Das últimas: placenta

Pois é pois é, a preguiça me pegou até pra escrever aqui.

Esses dias estive na unidade de saúde pra fazer minha consulta com a Ginecologista Obstetra (GO) e para minha surpresa ela não estava lá: fui atendida por uma enfermeira.
Até aí tudo bem, não fosse o fato de que uma enfermeira não consegue responder a todas as minhas dúvidas. Além do mais, a GO que estava me atendendo vai mudar de unidade, e vou passar a ser atendida pelo outro médico GO da mesma unidade (que eu não gosto, e foi por isso que preferi a médica que estava, e não ele, mas é isso ou ficar sem atendimento).

Saindo da unidade, perguntei pra enfermeira umas quatro vezes: mais alguma coisa? só isso mesmo? tudo certo, então?

A resposta foi que sim, mas cá estou eu sem a guia de agendamento de consulta do mês que vem, e vou ter que voltar na unidade para ver se não se "esqueceram" de mim.

Fora isso, fui ao SUS fazer outra ecografia pra verificar minha placenta. Depois de um tempão em pé e mais meia hora sentada esperando pelo médico que faz a ecografia, conseguimos ver o César (que continua sendo menino, hehe) muito rapidamente. E pelo resultado da ecografia deu tudo certo.

Minha placenta estava muito perto do cérvice (a "saída"), no laudo da primeira ecografia, o que poderia me impedir de fazer parto normal (e eu não quero fazer cesárea de jeito nenhum, porque tenho medo(s), haha). Neste último laudo, pelo que vi e entendi, está tudo normal.

O risco maior do posicionamento da placenta é quando ela é prévia: quando ela se implanta na parte inferior do útero e cobre uma parte ou totalmente o colo do útero. Nesse caso, não é recomendado parto normal (e nem é possível, quando cobre totalmente, pois a placenta está no caminho), e pode também haver risco de parto prematuro, além da hemorragia (nesses casos, a gestante geralmente é orientada a ficar em repouso absoluto).


Como a enfermeira explicou, mesmo estando próxima do cérvice, com o decorrer da gravidez, o útero cresce, estica, e a placenta acompanha, saindo do meio do caminho. Exceto quando ela cobre totalmente o colo.
Portanto, menos um medinho, já que isso não vai ser o motivo se eu tiver que fazer uma cesárea (:



Aliás: o César, às 26 semanas, tinha 31 cm e 750 gramas.




sábado, 21 de julho de 2012

Ah, o SUS...

Fiquei muito tempo sem postar porque acabei viajando de última hora.

Voltei de Irati (casa dos parentes do Gustavo) na quarta-feira, porque na sexta-feira iríamos fazer ultrassom, pra ver como anda o César. Marcada pelo SUS para ser feita no Hospital do Trabalhador, às 14h30min, lá fomos nós, andar de ônibus, em pé porque ninguém me dá lugar, gastando R$ 5,20 e muito felizes porque íamos ver o bebê.

Chegando lá, vou falar com a moça que trata dos agendamentos de exames:
Moça: "De quantos meses você está?"
Eu: "Seis, mais ou menos"
Moça: "então, você vai ter que voltar pra sua US, porque eles devem ter se enganado, aqui nós só fazemos ultrassom até os três meses de gravidez..."
Eu: *cara de tacho* "então tá..."

Aí eu fiquei pensando, e claro, morrendo de raiva. Eu fui pra minha US me cadastrar no Mãe Curitibana com praticamente três meses de gravidez. A enfermeira SABIA que não tinha vaga imediata pra marcar ultrassom, e me disse que eu teria que esperar (ou seja, no mínimo, eu faria a ultrassom com uns quatro meses). Agora vocês me respondem como uma acéfala dessa marca minha ultrassom pra época em que eu estaria de seis lindos meses de gestação num Hospital que só a realiza até os três meses?

E quem é que vai pagar minhas passagens de ônibus de ficar correndo pra lá e pra cá que nem uma burra, por causa do erro dos outros?

Sem contar a decepção de não ter visto o César e saber se está tudo bem, porque minha próxima consulta é semana que vem e não vou ter ultrassom pra levar e ser avaliada.

Obrigada SUS, por sua máxima eficiência como sempre.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Problema com o sono: dormir sobre o lado esquerdo.

Nas últimas semanas, estou sofrendo um pouco devido ao tamanho da barriga e aos seis quilos a mais desde que engravidei. Não consigo encontrar posição decente pra dormir, e deduzindo por mim mesma, dormir de barriga para cima ou de barriga para baixo não são as melhores opções agora.

De barriga pra baixo, copiando a frase do livro "O que esperar quando você está esperando", é tão confortável como dormir sobre uma melancia. Sem contar que pra mais desesperadas, pode acabar diminuindo o espaço do pequeno dentro do já limitado útero. De barriga para cima, como eu bem deduzi e depois descobri que era verdade, todo o peso do seu útero vai ficar sobre a sua coluna. Já não basta se sentar toda torta, fazer força pra mover objetos, ficar o dia todo sentada num computador ou outro lugar (de modo desconfortável), pelo menos na hora de dormir é melhor dar um tempo pra coluna.

Recomenda-se então que as gravidinhas durmam viradas sobre o lado esquerdo.
Por quê? Pra mim, dormir sobre o lado esquerdo era o mesmo que tortura, levava horas pra cair no sono, e o lado direito era a posição do paraíso.

Ontem, porque fazia uns três dias que eu tinha adotado a posição de deitar sobre o lado esquerdo pra dormir, eu queria descobrir o porquê dessa recomendação:

"quando a mãe dorme de costas ou sobre o lado direito, o feto poderia comprimir sua veia cava inferior, que leva o sangue para o coração. Isso diminuiria a quantidade de sangue oxigenado que volta do coração para os órgãos da mãe e, em consequência, para o bebê. " (Fonte: Revista Crescer Online)

A posição também é chamada de "Decúbito lateral esquerdo", e para evitar dor nas costas o ideal é usar um travesseiro no meio das pernas, que também devem estar cruzadas.


Veia cava? Que é isso?
Pra quem gosta de entender melhor, aí vai uma pequena aula de anatomia.

O coração bombeia sangue oxigenado a partir do lado esquerdo para o resto do corpo. A aórta, conhecida artéria de vocês, é a responsável por fazer essa distribuição, depois de se ramificar em vários outros vasos. O sangue chega nos tecidos do corpo deixando neles oxigênio, e retorna pro coração por uma séria de outros vasos. No caso dos membros inferiores, assim como uma parte dos órgãos internos (inclusive o útero) esses vasos desembocam num "vaso principal" que retorna pro lado direito do coração. Esse vaso principal é a veia cava inferior, que conforme a gestação progride, fica pressionada caso a gestante se deite de costas ou sobre o lado direito.

<< Lado esquerdo ----- Lado Direito >>

Então, agora está explicado.
Inclusive, ficar deitada de barriga pra cima ou do lado direito pode gerar falta de ar. Ontem fiquei cerca de uma hora e meia deitada de barriga pra cima e não foi pra menos que comecei a passar mal.

No próprio hospital recomenda-se que a mãe que está começando o trabalho de parto fique deitada sobre o lado esquerdo pra oxigenar melhor o feto. Existe inclusive modo de fazer o parto nessa posição (parto lateral).

A partir de agora, vou ter que me acostumar a dormir do lado esquerdo, mesmo sendo tortura.
I: