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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Uma opção consciente para o quarto do bebê - O Quarto Montessori e a Cama Compartilhada

Quando a gente pensa em gravidez, bebês, vem na nossa mente muitas coisas pra comprar: fralda, roupa, toalhinha de boca, muitas coisas... Mas os móveis são, de longe, o item mais caro. Guarda-roupas, cômodas, estantes... E o fatídico berço.
Mas há que se averiguar: qual a nossa real necessidade do berço? Se nós seremos adeptas, por exemplo, da livre demanda (dar de mamar ao bebê sempre que ele tiver vontade de mamar, no peito, seja de dia, seja de noite) você pode descobrir que a rotina de uma pessoa com berço é MUITO cansativa.
Portanto, antes de comprar qualquer coisa que vá virar um elefante branco ou, que na verdade, vá servir pra colocar toda a bagunça que surgir na casa (como, admito, foi por aqui até os 5 meses - todas as roupas sem dobrar, cobertas, roupas sem passar, etc, ficavam no berço que não usávamos) é bom que você saiba de uma coisa que pode parecer chocante:

O berço não é a única opção.

Não é, nem devia ser.
Vamos começar falando sobre a cama compartilhada.

Cama compartilhada?
Bom, o nome já é auto-explicativo. Basicamente, a cama compartilhada é quando a família toda, ou parte dela (por exemplo, o pai, a mãe, e o bebê mais novo, enquanto o mais velho dorme noutra cama no quarto, ou em outro quarto) dorme na mesma cama. Aqui em casa nós sofremos por um tempo com o desconforto de dormirmos em três numa cama de casal que tem 1,38 m de largura. Se está pensando em trocar sua cama de casal, e for considerar fazer cama compartilhada, escolha tamanhos maiores.
Vale ressaltar que só deve escolher a cama compartilhada o casal que não toma nenhum tipo de substância que possa fazer com que o sono seja profundo, dificultando o despertar. É uma regra básica, e por simples segurança. 
Mas e se eu rolar por cima do meu bebê?
Bom, eu também pensava isso. Mas pense: você não dorme abraçado ao seu namorado ou marido? Você rola por cima dele de madrugada? Aposto que não. Eu nunca rolei em cima do César. A única coisa que foi desesperadora pra mim, foi quando ele começou a passear pela cama ainda dormindo. Muitas vezes encontrei ele em posições exóticas e longe de mim, ou com a cabeça virada para os pés da cama, e os pés na minha cara. Admito que eu consigo acordar com facilidade, o que tornou pra nós a cama compartilhada uma opção 100% possível. Mas eu evitava deixá-lo, por exemplo, muito por perto do pai, pois o Gustavo tem uma dificuldade imensa de despertar do sono profundo no meio da noite.
Uma das vantagens da cama compartilhada é que os bebês choram menos de noite, pois não se encontram num local totalmente frio e sozinho, além de ser uma mão na roda para a livre demanda. Por meses eu não sabia responder quantas vezes César mamou de madrugada. Podiam ser as duas vezes que acordei de verdade, ou as 7 vezes que acordei sem realmente acordar, apenas oferecendo o peito e os dois acabaram dormindo bem a noite toda. Não posso reclamar do meu sono: eu nunca passei a noite acordada por causa do César. Ele NUNCA ficou a madrugada toda chorando. No máximo resolvia que 5h da manhã era um bom horário pra despertar totalmente.
Se você não consegue acordar com facilidade e toma medicamentos, ou se você fuma (o que não devia fazer, nem grávida, nem com filhos, nem se não tivesse filho algum) a cama compartilhada pode não ser a opção ideal para você, que pode passar as noites em claro pensando que se dormir vai acordar em cima do seu bebê, e que por fumar aumenta as chances do seu filho ter morte súbita do recém-nascido. De modo contrário, a cama compartilhada ou o bebê dormir no mesmo quarto que os pais diminui as chances de o bebê ter uma morte súbita. 

Mas eu queria tanto dormir junto do meu bebê.
Uma opção é você colocar outra cama, ou o berço sem a grade lateral e com o colchão nivelado, ou um co-sleeper ao lado da sua própria cama. 
Dessa forma, você pode ficar próxima ao bebê, acordar de noite e dar de mamar e depois devolvê-lo ao seu berço/co-sleeper. O co-sleeper é pequeno, e pode ser a melhor opção para os primeiros seis meses dos pequenos. Depois dessa idade vai ser difícil ele dormir dentro do co-sleeper sem acertar uma das laterais. Se eles começarem a ficar em pé com apoios, então, pode ser perigoso por ele poder cair pela lateral, que é mais baixa que a de um berço.
Aqui nós ainda temos o berço colado na cama, com o colchão nivelado, mas o César raramente dorme a noite toda lá. Ele passeia pela cama toda, hora dorme do meu lado, hora dorme do lado do pai, hora dorme atravessado dentro do berço... É uma loucura, e quando acorda já se sente ou sai engatinhando meio sonolento.

Outra opção - o quarto montessori
Montessori é uma pedagogia. Criada por Maria Montessori, a pedagogia prima pelo respeito aos mecanismos de desenvolvimento da criança, como o aprendizado natural, manuseando objetos e explorando por conta própria ambientes. Há muito mais por trás disso, mas o quarto montessori se torna interessante quando descobrimos que não há berço nele. A cama deve ficar na altura do chão, para que o bebê possa descer e subir sozinho do seu local de dormir. Há várias opções de como montar o quarto (móbiles que estimulam a visão, espelho para a fase em que o bebê começa a compreender e se reconhecer, barra de ferro para o auxílio do bebê, que já pode ficar em pé ou caminha se apoiando nessas barras, tapetes coloridos e com texturas agradáveis, prateleiras com brinquedos na altura da criança, para que sejam acessíveis e para que ela própria escolha com o que quer brincar), mas aqui vou ressaltar a vantagem de se ter o colchão no chão.
A primeira vantagem é que é muito mais fácil deixar o bebê ali para dormir. Se você nina ele no colo para dormir, é mais fácil colocá-lo no colchão no chão do que se abaixar, apenas a coluna, toda torta e colocá-lo no berço, o que provavelmente vai fazê-lo acordar.
Se você dá de mamar deitada para que ele durma, você não vai precisar remover o bebê do local onde ele dormiu para colocá-lo em outro (o berço). E se você não dá de mamar, mas precisa ficar por perto do seu bebê até que ele durma, essa também é a melhor opção, pois o contato é mais próximo, o bebê vai se sentir seguro e, novamente, você não precisa removê-lo para outro local para que ele continue a dormir. Aqui eu aconselho a colocar um colchão de solteiro comum, de adultos, em vez do colchão de bebês. Além de geralmente serem mais finos, eles são pequenos e não permitem que você se instale ali confortavelmente com o bebê. Um colchão de solteiro vai facilitar sua vida e pode ser usado até que o bebê cresça e vire criança, adolescente, etc.
Se o local onde você dorme é frio ou úmido, podes colocar embaixo um isolante térmico, EVA, entre outros. Nós aqui usamos o colchão no chão pra família toda até os sete meses do César. Colocávamos nosso colchão em cima do estrado da cama, e dessa forma não pegávamos umidade, apesar do frio ainda nos alcançar um pouco. Mesmo assim valeu a pena, pois dormimos confortáveis e o César não se machucava se por acaso caísse da cama - o que aconteceu muito até ele aprender onde terminava o colchão e começava o assoalho.
Ou seja, nós unimos a cama compartilhada com a ideia montessori, o que facilitou em muito nossa vida. Eu nãoi precisava me deslocar pelo quarto ou pela casa de madrugada, o bebê dormia melhor, mamava melhor, não caía da cama, não chorava por vários minutos até que fosse atendido, meu namorado não acordava, e se o bebê acordasse e quisesse ir explorar o quarto, pela manhã, eu não precisava ficar preocupada com acidentes.
Outros tantos benefícios podem ser lido na página da Neurocientista Lígia M. Sena, Cientista que virou mãe - Cama compartilhada: por que é bom e seguro?

Depois de tudo isso: nosso berço tem servido apenas como barreira e extensor do nosso colchão. Nunca serviu ao seu propósito de separar e diminuir o contato da mãe com o bebê. Não deixei de namorar meu namorado por causa do bebê na nossa cama - eles dormem que é uma beleza -, não entramos em crise, e não vamos nos separar por causa disso. Não existem doenças, problemas, síndromes causados pela cama compartilhada. Ele não vai dormir conosco até que tenha 16 anos, simplesmente porque a criação com apego faz com que ele, em algum momento de sua infância, sinta-se independente e seguro o suficiente para dizer "mamãe, quando vou ganhar meu próprio quarto?"
Além de tudo isso, é muito mais barato comprar um colchão confortável por seu bebê, do que ficar buscando o berço mais top, mais lindo, mais isso, mais aquilo...
Será que toda mãe precisa mesmo comprar/ganhar um berço?

:)

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Retrospectiva: 365 dias de César.

Sim! E já foi-se o aniversário de 1 ano do nosso amorzinho. A essa altura, no ano passado, todos agradeciam lá em casa pelo César não ter resolvido nascer no Dia de Finados e nem no Dia das Bruxas. O Gustavo estava triste porque achava que o César ia nascer no dia 28/10 e o Renan me mandava uma mensagem às 22h do dia 04/11 me dizendo que o César já podia pensar em nascer (que era pra ele ganhar a aposta).
E realmente, o Renan ganhou a aposta porque lá pelas 23h eu entrei em trabalho de parto e fui pro chuveiro. Meia noite o Gustavo ligou pra doula, uma hora da manhã minha bolsa estourou, duas e meia da manhã eu estava com 7 de dilatação (do total de 10) e às 5:21 do dia 05 de novembro ele nasceu. Uma segunda-feira nublada e sem graça, meio calor, iluminada só pelo nosso rebento que tinha acabado de chegar e estava com um cheirinho adocicado que dava vontade de lamber pelo resto do dia.
E por esse dia maravilhoso só tenho a agradecer a doula e madrinha do César, Niti, às enfermeiras do Grupo Luar que nos atenderam, à Nanci pelo registro do nosso momento mais especial... Vocês foram o apoio que eu precisava, e são os anjos pra quem devo muito. Gratidão imensa!

E quanto ao César, a real estrela dessa data, rs, está como sempre: feliz, se desenvolvendo, sendo criado com muito carinho, leite materno, amor. E nós, os pais, já aprendemos muita coisa, já sofremos algumas outras tantas, e já fomos recompensados com milhões de sorrisos banguelas, babadas na cara, mordidas sem dente, gritos de alegria e tudo de gostoso que um bebê pode proporcionar na vida dos pais.

Ele não teve mil cólicas desesperadoras. Até os três meses, quando o sol se punha, ele choramingava e tinha dificuldade pra dormir, mas logo eu colocava no sling, dava de mamar, aconchegava, e ele parava. Era muito gratificante quando os parentes pegavam ele no colo, e falavam "nossa, como ele não estranha ninguém, né? Como ele é risonho". Nessas horas eu tinha certeza que nossas escolhas não podiam ter sido melhores. Encarei muitos olhares estranhos por de repente sumir com o bebê e voltar com ele dormindo enrolado no sling, "pendurado". Tadinho, será que tá com calor? E ele fica quietinho? Não se incomoda? Não dói as costinhas dele? E você, não cansa?
Cansava. Claro que uma hora cansava. Com quatro meses, no calor, eu queria chorar cada vez que precisava colocar ele pra dormir. Mas passou. Passou, e ele continua dormindo grudadinho em mim, mas sem ser no sling. E se eu sair do seu lado, ele continua dormindo.
A introdução alimentar foi um mix de alegria e confusão e insegurança. Uma hora comia muito bem, outra hora não comia nada. Mas até agora podemos dizer que vai tudo bem e ele adora beterraba, molho de tomate, tomate em salada, alface, couve, bolinho de arroz integral, omelete com verduras variadas...
E César está agora numa vibe muito independente, e só come aquilo que colocamos na sua frente, picado, pra ele mesmo pegar. Daqui a pouco está fazendo o próprio almoço (sóquenão, né). Quatro dentes resolveram aparecer em uma única tacada, sendo que dois já estão  causando mordidas mais dolorosas (snif). Mais algumas semanas e ele logo começará a andar também (já está tomando coragem pra dar dois ou três passinhoquando resolve que quer pegar algo próximo ou ir com alguém).

E assim seguimos. Amamentar está sendo uma coisa circense, porque o menino resolveu que eu sou o playground perfeito pra ele ficar pendurado no peito e dando cambalhotas, pondo a bunda pro ar e fazer ginástica. Cansa mais amamentar que cuidar do rebento engatinhando pela casa toda.
Até hoje, a única coisa com açúcar branco que ele comeu foi um bolo de laranja sem cobertura que minha mãe deu e eu não vi (putz). Pão, somente integral. Bolacha caseira integral, só com açúcar demerare ou açúcar orgânico (reduzido). Comeu mel pela primeira vez com 11 meses e uns 10 dias, só uma colher de café na tigelinha de mingau. Não estranha pessoas diferentes, a não ser que muitas pessoas desconhecidas fiquem pegando ele no colo por muito tempo, e perca a mãe de vista. Vai no mercado com as avós toda semana.
E o saldo é que eu e o Gustavo temos dado o melhor de nós dois. Não temos sido perfeitos. Não tem sido fácil ir contra o senso comum das famílias, dos amigos, dos estranhos. Mas estamos tranquilos sabendo que estamos fazendo o que acreditamos ser o melhor.

Parabéns pra nós, há um ano pais babões.
Parabéns pro César, há um ano conhecendo o mundo fora do útero e sendo feliz. :)

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Como detectar um GO cesarista

Mais de 80% das mulheres brasileiras, quando se descobrem grávidas, desejam ter um parto normal (e seus derivados - humanizado, natural, na água, etc). Ao final da gravidez, perto do nascimento de seus filhos, esse número cai para 50%. O que aconteceu com os 30%?
Basta olharmos pro nosso sistema e vamos descobrir: os médicos. Eles minam a confiança da mulher, inventam motivos falaciosos para agendar uma cesárea, usam de terrorismo ("Você não vai querer que seu filho morra, não é mesmo?") e ignoram a Medicina Baseada em Evidências, não utilizam o método de escolha informada (os motivos falsos são dados, mas não têm respaldo científico, assim a mulher acredita naquilo que o médico diz - e que é mentira - e acaba escolhendo o que ACHA que é a melhor opção pra ela e para o bebê).
Então, o que nos resta é fugir desse tipo de profissional. Como? Descobrindo se nosso GO é pró-parto normal ou é mais um que vai levando a mulher no banho maria até chegar em 37 semanas, quando começa a torcer o nariz e procurar pelo em ovo.

O QUE VOCÊ DEVE PERGUNTAR AO SEU MÉDICO PARA DESCOBRIR SE ELE É CESARISTA OU NÃO?

Antes de tudo, a primeira consulta com ele já deve ter como um dos assuntos o parto. Se nessa consulta ele disser "está muito cedo", "do parto cuido eu", e derivados... Pode fugir correndo sem nem terminar a consulta.
Mas pra ser mais direta, vou colocar abaixo algumas perguntas essenciais - e suas respostas corretas e incorretas - que eu achei no site Amigas do Parto, onde você pode ver a lista completa e conferir as respostas e os resultados. Aqui vou colocar as que considero mais importantes. 
Mais abaixo tem ainda algumas observações que você pode fazer de forma mais sutil, e deduzir se o Obstetra é o mais indicado pra acompanhar o seu parto - ou se ele na verdade quer é fazer sua cesárea.

Essa é uma lista bem humorada de perguntas a se fazer ao seu obstetra. Na verdade é um teste para verificar que tipo de médico ele é: do mais intervencionista ao mais liberal. Apesar do tom informal, as "respostas certas" foram inspiradas nas evidências científicas e nas recomendações da Organização Mundial da Saúde.

1) Qual a sua postura em relação à "cesárea x parto normal"? 
a) O parto normal é o melhor, mas só dá para saber na hora.
b) Hoje em dia não faz sentido ter bebê por parto normal, com as técnicas de cirurgia tão avançadas e seguras. A recuperação é rápida e graças aos novos antibióticos, antinflamatórios, antitérmicos e analgésicos, você pode ter uma vida quase normal em menos de 2 meses.
c) O parto normal é melhor, mas na sua idade (ou com o seu peso, ou nessa época do ano, ou para uma pessoa sensível como você) a cesárea é mais garantida.
d) O parto normal é melhor e pelo menos 90% das mulheres podem dar à luz naturalmente. Você também tem tudo para ter um parto normal e nós vamos nos preparar para isso!

2) Quais intervenções no parto você considera essenciais? 

a) O que eu uso nos partos é o soro com ocitocina (hormônio) para acelerar as contrações, episiotomia (corte no períneo) e rompimento da bolsa aos 5 cm de dilatação. Mas às vezes tenho outras idéias durante o parto. Depende do dia e dos meus compromissos.
b) Eu uso as intervenções apenas em raros casos, até porque a maioria delas podem ter efeitos colaterais indesejáveis. A natureza pensou em tudo, para a grande maioria das mulheres.
c) Só a anestesia, porque acho que a mulher não deve sentir dor. O resto varia de mulher para mulher.

d) Só a episiotomia, porque o parto pode destruir a vagina da mulher e provocar incontinência urinária.

3) Em que posição posso dar à luz? Posso ter um parto de cócoras? 
a) Ra ra ra ra.... Parto de cócoras? Você não é índia, é? A mulher de hoje não tem musculatura para ficar de cócoras. Você quer ser partida ao meio, minha filha?
b) Semi-reclinada, pois no centro obstétrico da maternidade onde atendo, tem uma mesa de parto que permite que a paciente eleve um pouco as costas.
c) Da forma que você se sentir mais confortável, podendo ser de cócoras, de quatro, de lado ou de outro jeito que você inventar. A única posição que eu procuro não incentivar é deitada, porque o bebê pode ter o suprimento de oxigênio comprometido.
d) Como assim? Existe outra posição para dar à luz que não seja deitada?
(...)

5) Até quanto tempo você espera na gestação, antes de indicar procedimentos por "passar da data"?
a) Eu espero até 40 semanas. Depois disso faço a cesárea. Nem tento a indução, porque é tempo perdido. Ou você prefere arriscar a vida do seu filho e viver com esse peso pro resto dos seus dias?
b) A gestação normal vai de 38 a 42 semanas. O que eu proponho é um cuidado mais intenso depois que passa de 41 semanas. Mas a princípio, enquanto o bebê e a placenta estiverem bem, eu não faço nada. Passadas 42 semanas, podemos começar a pensar em indução do parto.
c) Eu espero até 40 semanas. Depois disso interno para induzir com soro.
d) Eu espero até 41 semanas e depois interno para induzir com citotec.


(...)


8) Posso levar meu marido e uma acompanhante (doula) para o meu parto?
a) Por mim você pode levar qualquer pessoa que faça você se sentir segura e tranqüila.
b) Porque? Você vai dar uma festinha no centro obstétrico? Quer ver seu marido desmaiando? Eu acho que um acompanhante já é muito.
c) Pode levar só o marido, mas só depois que ele fizer a preparação comigo, porque eu quero um aliado, não um inimigo me vigiando.
d) Não, eu acho que acompanhantes atrapalham, perturbam o ambiente, fazem muita pergunta, deixam a mulher insegura, ficam questionando o médico. Eu não atendo a família, eu atendo a gestante!

9) Você acha possível um parto normal depois de uma cesárea? 
a) Você está louca? Quem andou falando uma bobagem dessas para você? Deixa disso, minha filha, isso é coisa de natureba inconseqüente.
b) É possível, mas tem que usar fórceps para não ter um período expulsivo prolongado.
c) É possível se o trabalho de parto não passar de 4 horas.
d) É possível e é uma ótima opção, com grandes chances de dar certo.
(...)


As cores são: verde para "boa!" e vermelho para "péssimo!" - amarelo para "atenção".
Tem mais perguntas legais lá no site. ;)

Agora, algumas coisas que você deve observar - se existem muitas fotos na parede do consultório do seu médico da mulher de ponta cabeça com um pacotinho do lado. É a típica foto de cesárea, se houver muitas, pode sair de fininho e nunca mais voltar.
Também pode perguntar a taxa de cesáreas e partos normais feitos pelo médico, o efeito vai ser o mesmo. Se a taxa de cesárea passar de 30% é melhor investigar melhor se o seu médico é mesmo pró-parto natural ou normal, ou se ele vai achar motivos pra te mandar pra faca.
Não confie cegamente em médicos que pedem uma ultra a cada consulta nova, ou se eles têm o aparelho de ultrassom no próprio consultório - desses é que surgem as desculpas como placenta envelhecida, bebê muito grande, circular de cordão.
Você tem o direito de negar exames de toque sem nenhuma explicação - o exame de toque na gestação não deve ser rotina. Médicos que fazem exame de toque nas consultas vão procurar desculpas como falta de dilatação, bacia estreita, dilatação demais pra idade gestacional - não passam de inverdades.
Desconfie de médicos que receitam injeções  para amadurecer os pulmões do seu bebê! Essa é uma preparação comum para te mandar pra uma cirurgia antes do trabalho de parto.
Pergunte em quais situações ele indicaria uma cesárea - quais as emergências? Anote-as mentalmente (ou na cara dura mesmo, com um papel e caneta, rs) e pesquise depois em sites pró-parto normal sobre a procedência da necessidade de cesárea para as indicações que o seu médico deu.

E lembre-se: o melhor médico é aquele que faz com que você confie no seu próprio corpo e que te considera a protagonista do nascimento dos seus filhos. Não deve haver constrangimento nem medo ao tocar no assunto PARTO com seu médico.
Infelizmente eu não tive um GO que me acompanhasse com essa paciência e atenção - mas o pré-natal com as enfermeiras obstétricas valeu por tudo!

E aí, vamos cutucar os GOs?


sábado, 22 de junho de 2013

Fugindo do foco da maternagem... ou não.

O Brasil está fervendo.
Sim, mais uma pra falar dos manifestos que estão por todo o Brasil.
No começo eu não sabia exatamente do que se tratava. Muitas publicações no facebook sobre "não são só 20 centavos!". Isso queria anunciar que o aumento das passagens de ônibus em SP causava muito mais impacto do que o pessoal "bem resolvido, classe média que não liga pra quanto paga no ônibus ou que tem carro" (generalizando) achava. Sim, tinha gente evitando gastar uma refeição do dia pra poder sobrar grana. Mas com o "não são só 20 centavos" começou-se a "baderna", digamos assim. 
O Foco perdeu-se e deu margem pra que o caldo engrossasse (o movimento, levando milhares às ruas, coisa linda de se ver!).
O Caldo virou uma coisa sem foco. Contra a corrupção, contra os políticos, contra os partidos. Muita palavra vazia pra um movimento que tinha tudo pra se tornar bonito. Tanto que o MPL deixou os protestos em São Paulo. Por quê? Por que tinha gente "desinformada" (mais uma generalização) erguendo bandeiras que não correspondiam ao movimento em geral. Impeachment da Dilma? Qual nosso lucro nisso? Pra assumirem outros políticos corruptos? Fora políticos corruptos! Como? Vamos invadir todos os prédios que eles frequentam e botar fogo neles?
É o que alguns estão fazendo... Botando fogo, quebrando, violentando.
Não estávamos todos unidos contra a violência das Polícias? Qual o nosso direito, então, de gerar mais tumulto, quebrar bens públicos e privados e machucar outras pessoas?
Uma multidão sem rumo é uma multidão facilmente manipulável.
Tenho medo pelo que está vindo por aí.

E pra quem não acha que isso tem a ver com maternagem... Basta pensar: como será o mundo deixado para os nossos filhos? E como iremos preparar nossos filhos para o mundo que eles herdarão?

terça-feira, 14 de maio de 2013

Dia 19/05 - Dia da doação de leite humano

No dia 19 de maio se comemora o Dia Internacional da Doação de leite humano, nos países da América do Sul, América Central, Europa e África. 
Hoje fui levar meu vidrinho pra Enfermeira que recolhe as doações aqui no bairro toda terça-feira e recebi um pequeno mimo de agradecimento pela doação que faço quinzenalmente:
Confesso que foi uma coisa que me motivou um pouco mais a continuar recebendo os vidros vazios. Eu nunca consegui encher um até a tampa, mesmo que recolham o leite só quinzenalmente. Tenho tomado muito mais líquido do que de costume, pensando muito não só em nutrir o César, mas também em ajudar o HC e o banco de leite deles que estava com falta de leite há algum tempo. Esse presentinho me animou - ainda que eu não consiga estocar meio litro de leite em 14 dias, o pouco que consigo contribuir já é muito! Tanta mulher que não pode ou não quer, e joga o leite na pia, sem doar pra quem precisa... E eu aqui me esforçando por cumprir um compromisso que assumi, que me faz sentir melhor. Já é uma grande coisa!

     E por que doar leite humano?
Os bancos de leite humano são importantes promotores do aleitamento materno exclusivo - que é um dos maiores benefícios aos bebês até os 6 meses de idade, impedindo o desenvolvimento de n doenças e distúrbios  prevenindo mortes, etc. Eles recebem de mães saudáveis o leite que porventura esteja "sobrando" nos seus peitos de nutriz - hiperlactação, o rebento começou a comer e diminuiu drasticamente as mamadas, você produz um pouco de leite a mais mesmo, você toma muito líquido e está sobrando um cadin de leite que vc morre de dó de jogar fora, etc.
A importância está basicamente no para quem vai esse leite doado. Depois de pasteurizado, pra que haja eliminação de qualquer bactéria, fungo ou microorganismo vivo que possa fazer mal aos bebês, o leite vai principalmente para aqueles em UTI neonatal, prematuros, com imunidade suprimida, com infecções, que não possuem reflexo de sucção ou bebês que não podem de alguma maneira receber o leite da própria mãe. Muitos hospitais (geralmente os que mantém um banco de leite próprio) evitam o uso de leite artificial na UTI neonatal, e preferem dar o leite materno, que é muito mais completo e seguro para estes bebês.
Cada vez que lembro disso fico com muito mais vontade de doar leite!

     Quem pode doar?
Qualquer mulher que não seja portadora de doenças infecciosas, e que tenha leite suficiente para seu bebê e para doar. Geralmente o banco de leite vem na porta da sua casa pra pegar o frasco com o leite estocado. Se você quiser, pode ainda se deslocar até o banco de leite e pedir que o leite seja esgotado dos seus seios. Mas isso acho que vale mais a pena praquelas mulheres que têm hiperlactação, ou seja, que estão sempre com os peitos cheios e não sabem mais o que fazer, rs.

    Eu não amamento, como posso ajudar o banco de leite?
Bom, aí você se pergunta isso e eu digo que você contribuir comprando nescafé (ou qualquer outro café solúvel que tenha embalagem de vidro com tampa de plástico) e doando o vidro com tampa de plástico para o banco de leite. O idela é que seja daqueles médios, com até 300g de conteúdo, porque os vidros grandes são MUITO grandes e os bancos não mandam pras mães estocarem leite (o vidro não cabe no freezer em pé, e o leite não pode encostar na tampa de plástico pra ser armazenado).
Então, se você tem vidros em casa sobrando, dá uma pesquisada sobre os bancos de leite da sua região e contribua você também; :)

"Às mães de qualquer nação
às mães de qualquer cor
Às mães de fé e coração
às mães que cuidam com amor

Às mães que desejaram ser
às mães que foram mães sem querer
às mães que ainda tentam gerar
às que continuam a esperar

Às mães que se tornaram sem saber;
que criam filhos que não são seus;
que descobriram em seu ser
o amor infinito, abençoado por Deus.

Que encontre a força e a coragem;
que receba na família o suporte;
que seu caminho seja iluminado;
que a Vida seja plena de boa sorte.

A todas as mães "prematuras"
Às mães "maduras" também,
Porque ser mãe na vida de alguém
É ser algo eterno e sem medida;
Nada substitui seu amor e carinho;
Amor maior incondicional na vida."

Homenagem da equipe do Banco de Leite Humano do Hospital de Clínicas
Poema que veio no verso da Menção Honrosa :)

Parabéns pra todas as mulheres que nutrem a seus próprios rebentos (às vezes um, às vezes dois, às vezes três...) e também tiram um tempinho pra ter filhos de leite doando!

sexta-feira, 3 de maio de 2013

O qu'é que a doula tem?

Ao contrário de todas as baianas, as doulas não tem a saia rodada (pelo menos as que conheço). Mas sem dúvida nenhuma uma doula tem muita importância pra uma mulher grávida. 
Hoje, depois de ter parido, eu diria que sem uma doula eu talvez não fosse capaz de ter aguentado firme - aguentado firme os últimos instantes de gestação, sem ficar me perguntando se eu conseguiria mesmo, se eu aguentaria os familiares perguntando se o bebê já havia nascido; aguentado firme algumas horas com as dores das contrações, lembrando que em certos momentos, se eu estivesse no hospital e sem doula, eu provavelmente teria implorado por uma anestesia que improvavelmente viria a me acontecer.


Já fiz aqui uma brevíssima explicação sobre o trabalho da doula, mas lendo hoje me parece muito superficial - a ponta da ponta do iceberg. A doula tem amor por aquilo que faz... A doula tem um envolvimento que vai além do trabalho, vai além da relação contratada e contratante... A mulher que é doula de verdade vai acabar mantendo um laço inexplicável com a gestante - o nosso foi tão especial que nossa doula Niti acabou sendo também madrinha do nosso filho. 

Em entrevista a uma rádio universitária daqui de Curitiba, eu tentei expressar em poucas palavras o que era a doula, e acho que fui muito mais feliz na explicação. "A doula vai cuidar da gestante num plano subjetivo, psicológico muitas vezes, trabalhando com a mulher as questões relacionadas ao seu corpo, à sua  capacidade de parir, à sua natureza mamífera; e também pode trabalhar nesse mesmo sentido com o companheiro". 

A doula vai formar uma tríade com a mulher e o companheiro, a fim de se estabelecer uma relação de confiança, que permita: 
- à mulher não precisar se preocupar com nada além de se concentrar em seu trabalho de parto e parto, com a chegada do bebê; 
- ao companheiro não precisar se preocupar com nada além de incentivar sua parceira durante o trabalho de parto, acariciar, estar perto, passar aconchego e confiança que só ele pode passar e, claro, recepcionar também o bebê.
Também vai permitir à equipe que assistirá ao parto que não precisem se preocupar com nada além de monitorar a gestante e o bebê, e confiar que eles dois podem passar pelo parto até o melhor desfecho. Nem enfermeira nem médicos precisarão ocupar a posição da doula.


Pra mim, a doula foi a figura para a qual eu recorria no momento de dor, de insegurança, de dúvida, de necessidade de ver que alguém "de fora" também confiava que eu estava no caminho certo. Em pensamento, lembrando todos os encontros antes do trabalho de parto, das lições sobre o meu próprio corpo, das conversas sobre como o parto é um momento transformador.... Recorri fisicamente, me abraçando com ela nas contrações, na palavra expressada - "Dói!" -, no toque, no olhar. Ela prontamente esteve ali em todos os momentos, acreditando em mim, sendo a figura que sempre transmitiu segurança e confiança, carinho feminino que toda mulher merece ao parir.


Sem ela talvez eu não tivesse conseguido.
Sem ela talvez eu não tivesse me transformado tanto com o meu parto.

É por isso que hoje eu agradeço muito a ela por isso. 
Acho que nunca expressei isso diretamente a ela em palavras "Muito obrigada por tudo, você foi muito importante pra mim"... Falha minha, porque é o mínimo que eu poderia ter dito. Não tem dinheiro no mundo que compense a palavra de gratidão. Por isso também peço desculpas.
Então, Doula minha, repito: MUITO OBRIGADA, você foi muito importante pra nós todos. Também não dá pra deixar de agradecer ao Raul, seu marido fantástico, e um ótimo "doulo" - acho que esse pedaço do agradecimento também tem que ter uma contribuição do Gustavo, futuramente.
E pra você que se questiona se é realmente necessário ter uma doula, eu respondo que sim, é. 
Nunca tenha dúvidas disso.

"Que carinho gostoso dessa madrinha..."

"Se a doula fosse um medicamento, seria antiético não o usar." - John Kennell

sábado, 13 de abril de 2013

O sono do bebê e uma análise própria

Eis que o César resolveu nos dar trabalho, e não poderia ser com algo mais difícil de lidar do que o sono. Até os três meses ele dormia muito bem, obrigada. Tirava uns três cochilos por dia de três horas cada um, ou duas, e de noite acordava no máximo umas 4 vezes. E assim vivíamos felizes.
Começou então a dormir só no sling, suas duas ou três horas de cochilo. Em qualquer outro lugar - cama, carrinho, colo - só dormia 40 minutos e acordava. Seguimos então priorizando o sono do menino: ele tinha que dormir de tarde, e precisava das sonecas compridas, então colocávamos ele no sling.
Tomamos essa decisão querendo evitar o temido EFEITO VULCÂNICO, em que a criança que não dorme passa a ficar cada vez mais irritada e mais agitada, prejudicando de tal forma o sono que tudo vira um círculo vicioso. Eu queria manter pelo menos o sono noturno estável.
Mas agora estamos todos frustrados: uma vez ele dormiu 2h e meia no sling - meu Deus, era o milagre! Mas fora isso, ele passou a dormir entre 30 minutos a no máximo 1 hora. O que significa que em uma hora, depois de acordar, ele fica muito irritado, coça os olhos, fica com olheiras e com as pálpebras vermelhíssimas. E lá vamos nós colocá-lo pra dormir de novo, e de novo, e de novo...
Tudo nos leva a crer que é um misto de picos de desenvolvimento (ele tem estado bem ativo, rolando, pegando coisas e colocando na boca, aprendendo a rastejar, levantando a bunda pra cima numas tentativas fofissimamente frustradas de se locomover ♥) somando a isso os dentes (gengivas inchadas, babança desde os 3 meses, tudo vai à boca e acordadas noturnas com choramingos sem vontade de mamar).
Eu ainda adicionaria uma certa crise de separação precoce.
Isso porque eu tive que estudar desde que ele tinha três meses. Exatamente quando começou toda essa crise. Ainda que eu ficasse só umas duas ou três horas longe dele, pra mim era uma tortura. Se eu, que já tenho 21 anos e alguma noção de mundo, me sentia péssima deixando meu filho em casa, longe de mim, imagina o próprio César, percebendo que uma hora a mãe some, outra a mãe aparece, e ele nem sabe o que está acontecendo.
Enfim, tenho trabalhado muito a questão interior pra ver se não estamos os dois tendo problemas e angústias que estejam afetando o sono diurno do César. Espero que em breve eu esteja dizendo "ufa, ainda bem que voltou a dormir!". E assim seguimos.
Hoje tento estar menos estressada com tudo isso, mas é muito difícil. Em parte porque tudo que li, me informei, tudo que tenho tentado colocar em prática, tem se mostrado muito mais difícil, e nada prático ou eficaz (soluções para noites sem choro, teoria de extero-gestação, etc). E eu mal tenho expectativas exorbitantes com relação ao sono dele (não tenho nem a pretensão de querer que ele volte a dormir as sonecas de duas horas que ele costumava dormir - por mim, se ele dormisse uma hora ao invés da meia hora ou 40 minutos, estava mais do que ótimo!).
Outra parte é a de ver outras mães colocando seus bebês pra dormir na maior facilidade. Eu aprendi desde que nascemos (quando um bebê nasce, a mãe nasce junto dele) que não existe comparação entre bebês: cada um tem suas particularidades, necessidades, jeitos, preferências.
Mas é impossível não notar: meu bebê deita-se comigo na cama e logo dorme. Canto para ele enquanto ele fica no berço, e ele adormece sozinho. Nino ele nos braços e ao colocá-lo na cama, ele prossegue no seu sono profundo. Meu filho dorme em qualquer lugar, basta que mame.
Enquanto eu estou aqui dizendo: preciso colocá-lo no sling quando não está em casa, senão não dorme, preciso de local silencioso, preciso niná-lo no escuro pra dormir e quando coloco-o na cama ele acorda.
A frustração é tanta que parece até a minha saúde física a principal afetada.
Por fim, acho que me resta ler mais um pouco. Mas desta vez um pouco mais sobre a mãe, e não tanto sobre o bebê.
Fica aqui meu desejo de poder ler Laura Gutman em "A Maternidade e o Encontro com a Própria Sombra".

segunda-feira, 4 de março de 2013

Intervenções Desnecessárias no Trabalho de Parto e Parto


Vamos lá. Já fiz um post por aqui relatando uma "historinha" de um parto bem terrorista, que é o que ocorre atualmente no nosso sistema de atendimento à saúde. Hoje tô mais pra praticidade da coisa, então se você quiser uma lista rápida do que você pode e deve negar na maternidade, ou casa de parto, ou o que quer que seja, aqui está. Também vai uma pequena explicação. Na ordem "cronológica".


1. Tricotomia: ou raspagem de pelos. Totalmente desnecessária, não diminui taxas de infecções.
2. Enema: ou lavagem intestinal. Totalmente desnecessária, não diminui taxas de infecções e aumenta a possibilidade de evacuação "líquida".
3. Ser privada de acompanhante: direito da mulher POR LEI. Além de ser constatado que ter acompanhante deixa a mulher mais a vontade, diminuindo o tempo do Trabalho de Parto.
4. Acesso intravenoso: limita a deambulação da mulher. Somente deve ser colocado se extremamente necessário.
5. Ocitocina sintética: aumenta a dor das contrações, e sua intensidade. Somente deve ser usada com indicação clínica correta.
6. Ficar em posição de litotomia e sem se movimentar: totalmente desnecessário. Pode causar falta de oxigenação fetal, sofrimento fetal, falta de ar para a mãe. Ficar na posição vertical e em movimento diminui o tempo do trabalho de parto.
7. Jejum: Totalmente desnecessário. Não é comprovado que o estômago vazio diminua as chances de retorno do conteúdo do estômago, caso a gestante passe por anestesia para cesárea. Além disso, a mulher precisa de muita energia para os puxos do parto.
8. Não ingerir líquidos: Totalmente desnecessário.
9. Não vocalizar: Se a mulher necessitar vocalizar (gritar, gemer, etc) para aliviar as dores das contrações, é direito dela fazê-lo. Coibir a mulher de fazer o que lhe causa bem estar no TP é um desrespeito sem tamanho, e pode aumentar o tempo do TP.
10. Ser instruída a fazer força sem sentir vontade: aumenta o índice de laceração de períneo e pode causar baixa oxigenação fetal.
11. Episiotomia: já tem um post inteiro sobre isso aqui. Mas, de qualquer modo, não tem nenhum respaldo científico, pode causar infecções, incômodo no puerpério, dor para manter relações sexuais, etc.
12. Manobra de Kristeller: causa dor, é desumano, é violento e não ajuda em nada. Só ajuda a causar mais lacerações de períneo.
13. Ser separada do bebê logo após o nascimento: pode diminuir as chances de estabelecimento do vínculo e da amamentação. Muitos bebês ficam 4, 5 horas sem ver suas mães, no berçário, sem necessidade nenhuma.
14. Não amamentar o bebê logo após o nascimento: pode prejudicar a amamentação. Se vão para o berçário, podem receber fórmulas, água glicosada, bicos, mamadeiras, e comprometer a amamentação logo no primeiro dia.
15. Tração do cordão umbilical para forçar a saída da placenta: pode causar hemorragia na mãe, ou ainda deixar pedaços da placenta aderidas ao útero. A dequitação da placenta deve ser natural. Colocar o bebê para mamar assim que nasce, estimula a produção de ocitocina endógena (natural) e faz com que o útero se contraia naturalmente pra expulsar a placenta.

Anotou?

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Mães de meninos: postectomia?

O César nem havia nascido e eu já pensava na treta que ia dar se ele tivesse fimose. É claro que como boa mãe fui fazer o que me cabia fazer: estudar. E lá estavam as indicações não seguidas, as cirurgias indicadas sem real necessidade, etc. Esse pessoal da medicina não surpreende mais mesmo.

Mas vamos ao que interessa, pra toda mãe de menino, que deve ficar atenta aos fatos que seguem abaixo:

    A pele do prepúcio (que fecha o pipi, ou fica aderida nele) não é um "pedacinho de pele qualquer". A natureza é sábia e sabe para quê cada pedacinho do nosso corpo é útil. O prepúcio protege a cabeça do pênis, evitando que fique ressecado, que a pele fique queratinizada e que haja perda de sensibilidade. Também é uma barreira entre o pipi do seu bebê e o mundo externo, ajudando a evitar as bactérias. E evita outros acidentes mecânicos, que eventualmente podem acontecer.
Claro que quando a criança cresce, deve ter total higiene dessa área, caso contrário, a proteção contra bactérias se torna inútil e vão ocorrer infecções, além de possibilidades de câncer de pênis. (O que corrobora  o "benefício" de "mais higiene" quando se faz a postectomia ou circuncisão no bebê)

    Daí você vai ao seu pediatra e ele, gentil que só, repuxa toda a pele do pipi do menino e ele abre um berreiro. Você fica estupefata e não sabe o que fazer, logo em seguida pega o chororô baby no colo e o médico fala "Mãezinha, estimula assim com exercícios todos os dias pra não ter que operar, tá bom?". E você faz o quê?
    Hein?
    Hein?
    Se você pesquisar, vai descobrir que seu pediatra é um sacana desatualizado. Não se deve nunca fazer esses exercícios, forçando a pele, pois podem haver microfissuras na região. As microfissuras cicatrizam, a pele fica fibrosa e rígida, e o final é que você mesma causa a necessidade de cirurgia (postectomia) no seu próprio filho. Portanto, a melhor dica é: calma. Espere. Se depois de três, quatro anos de idade, a pele não for para o devido lugar, ainda existem outras alternativas, como as pomadas de corticóides. Elas ajudam a desprender a pele e não têm tantos malefícios como a cirurgia. Além do mais, criança tem a fase de descobrir o próprio corpo, e vai ser um estica e puxa de pipi que você vai se perguntar como pode a criança não se machucar.
    Se ainda assim a criança maior não tiver a pele desgrudada, não saia correndo de braços abertos procurar a postectomia. Existe uma cirurgia chamada PREPUCIOPLASTIA. Ela é menos dolorosa, não retira o prepúcio todo, e não vai causar estragos a longo prazo pro seu filho. E o resultado é sempre melhor do que retirar a pele em questão todinha.
    Mas porque não fazer a dita cirurgia de uma vez? Quais os malefícios? Bem, em primeiro lugar, a queratinização da pele (o que acontece ao longo do tempo) vai deixar ela menos sensível. Seu filho, no futuro, vai sentir menos prazer sexual, e além disso vai ter problemas com lubrificação natural (sim, o prepúcio também contribui nisso). Também deixa o pipi em contato direto com o meio externo, como já disse, o que pode fazer com que hajam mais infecções. Pode (não vai, mas pode) haver constrição de vasos devido à cirurgia, diminuindo o aporte sanguíneo na região, o que também pode causar impotência sexual. Além do mais, a cirurgia é muito dolorosa pra qualquer bebê (se você tem um pingo de bom senso, concordará que cirurgia é dolorosa pra qualquer um e ainda mais pra um bebê).
   Então, depois de estudar um pouco mais, eu e o Gustavo decidimos que só vamos correr pra cirurgia se não tiver mais jeito. Mas por enquanto, César tem só três pra quatro meses. Hora de esfriar a cabeça e esperar.
    E que todas as mães e pais de meninos busquem informações sobre isso. Existem até movimentos contra a circuncisão, argumentando que isso é uma violência contra crianças, que feriria os direitos humanos e a integridade corporal. Particularmente, acho que toda mãe e pai deveria respeitar os filhos e estudar antes de decidir sobre qualquer coisa que influencie a vida deles.
   Minha opinião pessoal é: deixem os pipis dos seus filhos pequenos em paz.