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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Uma opção consciente para o quarto do bebê - O Quarto Montessori e a Cama Compartilhada

Quando a gente pensa em gravidez, bebês, vem na nossa mente muitas coisas pra comprar: fralda, roupa, toalhinha de boca, muitas coisas... Mas os móveis são, de longe, o item mais caro. Guarda-roupas, cômodas, estantes... E o fatídico berço.
Mas há que se averiguar: qual a nossa real necessidade do berço? Se nós seremos adeptas, por exemplo, da livre demanda (dar de mamar ao bebê sempre que ele tiver vontade de mamar, no peito, seja de dia, seja de noite) você pode descobrir que a rotina de uma pessoa com berço é MUITO cansativa.
Portanto, antes de comprar qualquer coisa que vá virar um elefante branco ou, que na verdade, vá servir pra colocar toda a bagunça que surgir na casa (como, admito, foi por aqui até os 5 meses - todas as roupas sem dobrar, cobertas, roupas sem passar, etc, ficavam no berço que não usávamos) é bom que você saiba de uma coisa que pode parecer chocante:

O berço não é a única opção.

Não é, nem devia ser.
Vamos começar falando sobre a cama compartilhada.

Cama compartilhada?
Bom, o nome já é auto-explicativo. Basicamente, a cama compartilhada é quando a família toda, ou parte dela (por exemplo, o pai, a mãe, e o bebê mais novo, enquanto o mais velho dorme noutra cama no quarto, ou em outro quarto) dorme na mesma cama. Aqui em casa nós sofremos por um tempo com o desconforto de dormirmos em três numa cama de casal que tem 1,38 m de largura. Se está pensando em trocar sua cama de casal, e for considerar fazer cama compartilhada, escolha tamanhos maiores.
Vale ressaltar que só deve escolher a cama compartilhada o casal que não toma nenhum tipo de substância que possa fazer com que o sono seja profundo, dificultando o despertar. É uma regra básica, e por simples segurança. 
Mas e se eu rolar por cima do meu bebê?
Bom, eu também pensava isso. Mas pense: você não dorme abraçado ao seu namorado ou marido? Você rola por cima dele de madrugada? Aposto que não. Eu nunca rolei em cima do César. A única coisa que foi desesperadora pra mim, foi quando ele começou a passear pela cama ainda dormindo. Muitas vezes encontrei ele em posições exóticas e longe de mim, ou com a cabeça virada para os pés da cama, e os pés na minha cara. Admito que eu consigo acordar com facilidade, o que tornou pra nós a cama compartilhada uma opção 100% possível. Mas eu evitava deixá-lo, por exemplo, muito por perto do pai, pois o Gustavo tem uma dificuldade imensa de despertar do sono profundo no meio da noite.
Uma das vantagens da cama compartilhada é que os bebês choram menos de noite, pois não se encontram num local totalmente frio e sozinho, além de ser uma mão na roda para a livre demanda. Por meses eu não sabia responder quantas vezes César mamou de madrugada. Podiam ser as duas vezes que acordei de verdade, ou as 7 vezes que acordei sem realmente acordar, apenas oferecendo o peito e os dois acabaram dormindo bem a noite toda. Não posso reclamar do meu sono: eu nunca passei a noite acordada por causa do César. Ele NUNCA ficou a madrugada toda chorando. No máximo resolvia que 5h da manhã era um bom horário pra despertar totalmente.
Se você não consegue acordar com facilidade e toma medicamentos, ou se você fuma (o que não devia fazer, nem grávida, nem com filhos, nem se não tivesse filho algum) a cama compartilhada pode não ser a opção ideal para você, que pode passar as noites em claro pensando que se dormir vai acordar em cima do seu bebê, e que por fumar aumenta as chances do seu filho ter morte súbita do recém-nascido. De modo contrário, a cama compartilhada ou o bebê dormir no mesmo quarto que os pais diminui as chances de o bebê ter uma morte súbita. 

Mas eu queria tanto dormir junto do meu bebê.
Uma opção é você colocar outra cama, ou o berço sem a grade lateral e com o colchão nivelado, ou um co-sleeper ao lado da sua própria cama. 
Dessa forma, você pode ficar próxima ao bebê, acordar de noite e dar de mamar e depois devolvê-lo ao seu berço/co-sleeper. O co-sleeper é pequeno, e pode ser a melhor opção para os primeiros seis meses dos pequenos. Depois dessa idade vai ser difícil ele dormir dentro do co-sleeper sem acertar uma das laterais. Se eles começarem a ficar em pé com apoios, então, pode ser perigoso por ele poder cair pela lateral, que é mais baixa que a de um berço.
Aqui nós ainda temos o berço colado na cama, com o colchão nivelado, mas o César raramente dorme a noite toda lá. Ele passeia pela cama toda, hora dorme do meu lado, hora dorme do lado do pai, hora dorme atravessado dentro do berço... É uma loucura, e quando acorda já se sente ou sai engatinhando meio sonolento.

Outra opção - o quarto montessori
Montessori é uma pedagogia. Criada por Maria Montessori, a pedagogia prima pelo respeito aos mecanismos de desenvolvimento da criança, como o aprendizado natural, manuseando objetos e explorando por conta própria ambientes. Há muito mais por trás disso, mas o quarto montessori se torna interessante quando descobrimos que não há berço nele. A cama deve ficar na altura do chão, para que o bebê possa descer e subir sozinho do seu local de dormir. Há várias opções de como montar o quarto (móbiles que estimulam a visão, espelho para a fase em que o bebê começa a compreender e se reconhecer, barra de ferro para o auxílio do bebê, que já pode ficar em pé ou caminha se apoiando nessas barras, tapetes coloridos e com texturas agradáveis, prateleiras com brinquedos na altura da criança, para que sejam acessíveis e para que ela própria escolha com o que quer brincar), mas aqui vou ressaltar a vantagem de se ter o colchão no chão.
A primeira vantagem é que é muito mais fácil deixar o bebê ali para dormir. Se você nina ele no colo para dormir, é mais fácil colocá-lo no colchão no chão do que se abaixar, apenas a coluna, toda torta e colocá-lo no berço, o que provavelmente vai fazê-lo acordar.
Se você dá de mamar deitada para que ele durma, você não vai precisar remover o bebê do local onde ele dormiu para colocá-lo em outro (o berço). E se você não dá de mamar, mas precisa ficar por perto do seu bebê até que ele durma, essa também é a melhor opção, pois o contato é mais próximo, o bebê vai se sentir seguro e, novamente, você não precisa removê-lo para outro local para que ele continue a dormir. Aqui eu aconselho a colocar um colchão de solteiro comum, de adultos, em vez do colchão de bebês. Além de geralmente serem mais finos, eles são pequenos e não permitem que você se instale ali confortavelmente com o bebê. Um colchão de solteiro vai facilitar sua vida e pode ser usado até que o bebê cresça e vire criança, adolescente, etc.
Se o local onde você dorme é frio ou úmido, podes colocar embaixo um isolante térmico, EVA, entre outros. Nós aqui usamos o colchão no chão pra família toda até os sete meses do César. Colocávamos nosso colchão em cima do estrado da cama, e dessa forma não pegávamos umidade, apesar do frio ainda nos alcançar um pouco. Mesmo assim valeu a pena, pois dormimos confortáveis e o César não se machucava se por acaso caísse da cama - o que aconteceu muito até ele aprender onde terminava o colchão e começava o assoalho.
Ou seja, nós unimos a cama compartilhada com a ideia montessori, o que facilitou em muito nossa vida. Eu nãoi precisava me deslocar pelo quarto ou pela casa de madrugada, o bebê dormia melhor, mamava melhor, não caía da cama, não chorava por vários minutos até que fosse atendido, meu namorado não acordava, e se o bebê acordasse e quisesse ir explorar o quarto, pela manhã, eu não precisava ficar preocupada com acidentes.
Outros tantos benefícios podem ser lido na página da Neurocientista Lígia M. Sena, Cientista que virou mãe - Cama compartilhada: por que é bom e seguro?

Depois de tudo isso: nosso berço tem servido apenas como barreira e extensor do nosso colchão. Nunca serviu ao seu propósito de separar e diminuir o contato da mãe com o bebê. Não deixei de namorar meu namorado por causa do bebê na nossa cama - eles dormem que é uma beleza -, não entramos em crise, e não vamos nos separar por causa disso. Não existem doenças, problemas, síndromes causados pela cama compartilhada. Ele não vai dormir conosco até que tenha 16 anos, simplesmente porque a criação com apego faz com que ele, em algum momento de sua infância, sinta-se independente e seguro o suficiente para dizer "mamãe, quando vou ganhar meu próprio quarto?"
Além de tudo isso, é muito mais barato comprar um colchão confortável por seu bebê, do que ficar buscando o berço mais top, mais lindo, mais isso, mais aquilo...
Será que toda mãe precisa mesmo comprar/ganhar um berço?

:)

5 comentários:

  1. Que inspirador e esclarecedor! Obrigada por compartilhar dessas experiencias e conhecimento!!

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  2. Vc nao rolou por cima do seu namorado por que ele com certeza é bem maior do que um bebe!!!

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  3. Anne, com certeza ele tem pelo menos 1 metro a mais do que meu bebê e uns 50 kg. MAS o que quis dizer é: quem consegue dormir a noite toda abraçada ao namorado, sem precisar se mover e trocar de posição, dificilmente vai sentir essa necessidade de mover-se quando dormindo abraçada ao bebê.
    Há pessoas que dormem a noite toda na mesma posição e acordam no dia seguinte da mesma maneira que adormeceram. EU não sou assim, não consigo dormir a noite toda abraçada no namorado, sinto necessidade de mudar de posição. Mas dormindo com o bebê, cada vez que mudo de posição, foi sempre tendo um mínimo de consciência, mesmo sonolenta. Acredito que seja puramente instintivo, uma vez que desde que somos humanos a tendência é que, como mamíferos esperando a proteção da espécie, as crias durmam ao nosso redor para que possamos saber onde estão, sentir seu cheiro, sua presença, e assim sabermos que está tudo bem.
    Acho impossível uma mãe não sentir que está rolando sobre uma pelotinha de 50 cmx10cmx15cm (chute) com uns 6 kg. Se você rolasse sobre uma almofada dura, acordaria pra se acomodar - a menos que esteja, como citei no texto, sob influencia de substâncias que te deixem com sono mais pesado, ou se você for dessas pessoas que dormem como pedra e não acordam nem com a cama caindo.

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  4. Será que me responde este email me tirando essa terrível dúvida?
    Estou grávida e quero fazer um quarto estilo o da Vitória, sem berço.
    Mas quero fazer desde recém nascida. Mas todoooooo mundo ao meu redor diz que não é para fazer isso, que não é seguro, que o bebê pode rolar e sufocar sem dar conta de desvirar e que eu vou detonar minha coluna de tanto deitar e pegar o bebê.
    Qual foi sua experiência? Você deixou a vitória na caminha no chão desde quando nasceu? Quero uma opinião de uma mãe que vivenciou e não opiniões alheias de pessoas que nunca passaram por isso e nem sequer ouviram falar em montessoriano.

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    1. Passou-se um ano sem que eu checasse os comentários. Perdão pelo atraso tão grande!
      Érika, o ideal é que voce saiba o que é melhor para o SEU bebê. Se você tomar as medidas de segurança corretas (não deixar lençóis soltos, não utilizar cobertas fofas, não utilizar almofadas, não utilizar você mesma substancias que deixem seu sono profundo/0 não há porque achar que o bebe vai sufocar. Outra coisa, sobre o cansaço: Você só irá cansar-se de pegar o bebê ao colo se insistir em colocá-lo novamente para dormir sem amamentar. É possível fazer o bebê dormir deitando próximo a ele, colocando-o sobre sua barriga e dando tapinhas leves no bumbum, cada bebê adapta-se melhor de um jeito. Por aqui eu simplesmente dava de mamar ao peito, com a cabeça do bebê apoiada no meu braço que ficava para baixo (virado pra cama, estando eu de lado). Diferentemente do que os médicos acreditam algumas vezes (coisa dos antigos) amamentar deitada não dá infecção ao ouvido. Dormimos por muito tempo no chão num colchão de casal - eu, marido e bebê - inclusive no inverno e não tivemos experiências de sufocamento, de rolar por cima do bebê etc.

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