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sábado, 15 de setembro de 2012

Conforme-se... Só que não

A sexta-feira prometia (e eu me prometia que essa promessa de sexta-feira era pra ser das boas!). Participei da feira de cursos e profissões no Stand da Farmácia - venham, venham, venham fazer farmácia! Biomedicina não tá com nada (brinks, haha). Depois disso voltei pra casa, tomei um bom copo de suco de laranja e lá veio a Niti pra nos acompanhar no evento da tarde:

Ir até a Unidade de Saúde novamente pra tentar trocar a minha maternidade de referência. Conversar com a  Autoridade Sanitária.

Chego lá e digo a finalidade da entrevista: quero conversar sobre a troca de maternidade - e se possível, consumar o ato, aqui, agora, por favor, POR FAVOR!
A primeira frase já é: eu não posso (ahãm, tá bom). A mulher me ofereceu a Maternidade do Bairro Novo (responsabilidade do Hospital Evangélico - todas sai correndo). E ela me diz "Pode ser?", ao que eu respondo com um sorriso e um "Então, não, não pode".
Aí começou a conversa mais unilateral que já vi na vida. A Niti parecia indignada com a mulher, mas não tanto quanto eu. Ela disse que entendia meus motivos (ah é? acho que não, viu moça) mas que na posição de profissional responsável por mim (hum?) não poderia me encaminhar pra Victor Ferreira do Amaral por motivo de falta de pessoal no Hospital, possibilidade de eu ficar sem um médico pra me acompanhar no meu  trabalho de parto (e nem quis saber que a gente nem queria isso mesmo), e que ela não ia correr esse risco, ela não queria correr esse risco.

Na mesma hora eu pensei: e porque você não me pergunta o que EU quero?

Conversa vai, conversa vem ou só conversa que vem mesmo, ela falou que o que eu queria era muito difícil - difícil porque nós estávamos inseridas num sistema, com protocolos que deviam ser seguidos, que eu não tinha como conseguir o que eu queria no SUS, que se eu quisesse de fato um parto humanizado eu ia ter que fazer particular. Resumindo, a autoridade disse um belo: cala-te boca e se conforma, que toda mulher é atendida assim e ponto. Soltou inclusive a frase de que eu não posso ter o controle sobre o que acontecerá no meu parto - ao que eu respondi novamente com um sorriso e "Eu vou ter sim".
Depois ela disse que era pra eu conversar com o médico que ia me atender na semana que vem, e que quando eu fosse me consultar, era pra eu chamá-la pra ela estar na consulta junto comigo, porque ela PRECISAVA PORQUE PRECISAVA da autorização dele pra me trocar pra Victor Ferreira do Amaral... A resposta foi que sim, chamaria, mas na prática acho que não vai ser bem assim (porque tanto eu como a Niti concordamos que ela pode querer induzir o médico a não me trocar por nada no mundo e eu novamente ficar a ver navios).

No decorrer da conversa, em nenhum momento ela deu abertura pra Niti falar direito, em nenhum momento realmente nos ouviu, em nenhum momento realmente nos acolheu, apenas se sentou com seu escudo de Autoridade e nos rebateu em todos os sentidos. E lá foi ela inclusive dar um exemplo de circular de cordão como indicação pra cesárea - Acho que eu e a Niti, por dentro, estávamos gritando "NÃO, NÃO E NÃO!!".

E esse é o sistema que me atendeu hoje - e que me pediu pra ficar quietinha no canto.
Shiu, viu mãezinha?

A promessa de sexta-feira das boas caiu por terra... por pouco tempo.

O encontro que tive mais tarde, com um grupo totalmente diferente, me fez chorar: chorar porque o sistema é burro, e porque talvez eu vá buscar as minhas próprias soluções. E ao chegar em casa, a calma me tomou de tal forma... E daí se eu estou nadando contra a maré - aquele grupo de 20, 30 pessoas com quem eu acabara de estar, também nadava contra a maré... 
Eles me deram mais forças pra acreditar que tudo vai dar certo sim - e eu tenho papel fundamental nisso. Não vai ser autoridade sanitária nenhuma, ou médico, que vai me dizer o que é melhor pra mim sem me consultar, sem me entender, sem me ver como o que eu realmente sou: um ser humano, uma mulher, uma mãe.

E uma teimosa.

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